Grécia e Espanha voltam a preocupar Europa em crise
As incertezas políticas na Grécia e a dificuldade da Espanha em salvar seus bancos voltaram a por a Europa em alerta nesta sexta-feira. Além dos problemas em duas de suas mais debilitadas economias, a previsão de encolhimento do PIB em 0,3% em 2012 aprofunda a crise na zona do euro.
As estimativas da Comissão Europeia (CE) confirmam a contração econômica da zona da moeda única integrada por 17 países para este ano. O crescimento deverá ser de apenas 1,3% para 2013.
Segundo Olli Rehn, comissário europeu para assuntos econômicos e monetários, a zona do euro tem "uma recuperação à vista", embora as previsões ainda sejam sombrias.
"A situação econômica continua frágil, com a manutenção de grandes disparidades entre os estados-membros", acrescentou.
"A atividade econômica na União Europeia sofreu contração no último trimestre de 2011 e estima-se que isso também ocorreu no primeiro trimestre de 2012", disse o comunicado da CE.
De acordo com preceitos econômicos, dois trimestres consecutivos de contração tendem a indicar um processo de recessão no período seguinte.
As estimativas de Bruxelas chegam em meio à polarização do debate sobre a resolução da crise. Para a Alemanha, maior economia do bloco, a estratégia deve continuar sendo a aplicação das medidas de austeridade e contenção fiscal.
É o que defende a chanceler (premiê) Angela Merkel, que vem deixando claro que o pacto fiscal para ajuste das contas dos países do bloco não pode ser renegociado, como proposto pelo novo presidente francês, François Hollande, que defende o crescimento como nova estratégia para a saída da crise.
ESPANHA
Números individuais apontam que o único país que deve registrar contração em 2013 é a Espanha, onde a atividade econômica pode ser reduzida em até 0,3%.
A CE prevê ainda que o desemprego espanhol deverá continuar sendo o maior da União Europeia, com uma taxa de até 24,4% neste ano e 25,1% em 2013.
Em comparação, a taxa de desemprego na zona do euro deve atingir 11% neste ano. Os números desalentadores chegam em meio a um esforço do governo espanhol para recapitalizar os bancos.
Madri deve forçar os bancos a tomarem empréstimos de mais 30 bilhões de euros como garantias contra o risco de inadimplência.
Caberá ao sistema bancário do país levantar os recursos ou emprestar do governo, a taxas anuais de cerca de 10%.
O governo já se disponibilizou a tomar as medidas necessárias para restaurar a credibilidade de seu sistema financeiro e disse que no caso de os bancos recorrerem a empréstimos públicos, Madri deve organizá-los de forma que em última instância possam ser convertidos em estatizações parciais.
No início da semana a Espanha comprou 45% do Bankia.
Em seu comunicado, a CE disse ainda que o deficit espanhol seria de 6,4% neste ano e 6,3% em 2013. No entanto, o ministro da Economia, Luis de Guindos, disse que seu país conseguirá atingir a meta de deficit de 5,3% neste ano e 3% no ano seguinte.
GRÉCIA
Em seu comunicado, a CE manteve as previsões pessimistas para a Grécia.
De acordo com as estimativas de Bruxelas, o país deve ter contração da atividade econômica de 4,7% neste ano, crescimento zero em 2013 e taxa de desemprego de 19,7% em 2012.
Os números chegam em meio à dificuldade das forças políticas de formarem um novo governo no país. Cinco dias após as eleições parlamentares do último domingo, a terceira tentativa de formação de uma coalizão fracassou.
O ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos abandonou os esforços de articulação política, o que deixa em aberto a possibilidade de o país convocar eleições antecipadas e aumenta os rumores de que Atenas possa abandonar a zona do euro.
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