Pesquisa mostra disparidade salarial independente da formação. Dieese sugere criação de cotas para negros nas empresas.
Trabalhador negro ganha 36% menos que o não negro
A pesquisa "Os negros nos mercados de trabalho metropolitanos" foi feita nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e
São Paulo. O estudo destaca que a desvantagem registrada entre a remuneração de negros e não negros é pouco influenciada pela região analisada, horas trabalhadas ou setor de atividade da economia.
“Em qualquer perspectiva, os negros ganham menos do que os brancos”, avalia a economista Lucia Garcia, coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese, em entrevista à Globo News. "O que observamos é que a progressão na educação melhora a educação da população negra, mas não extingue a desigualdade. Encontramos mais desigualdades no ensino superior completo."
Rendimento médio por hora (2011/2012) |
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Escolaridade |
Negro |
Não negro |
Fund. incompleto |
R$ 5,27 |
R$ 6,46 |
Fund. completo |
R$ 5,77 |
R$ 6,76 |
Médio completo |
R$ 7,13 |
R$ 9,56 |
Sup. completo |
R$ 17,39 |
R$ 29,03 |
Fonte: DIEESE/SEADE, MTE/FAT e entidades regionais |
A pesquisadora mostra que nas áreas metropolitanas, os negros correspondem a 48,2% dos ocupados, mas, em média, recebem por seu trabalho 63,9% do que recebem os não negros. Entre os trabalhadores com nível superior completo, a média de rendimentos por hora é de R$ 17,39 entre os negros, e de R$ 29,03 entre os não negros (veja quadro ao lado).
"O trabalhador negro encontra dificuldades ao longo de toda a sua vida profissional", avalia a pesquisadora. "Desde o momento de conseguir um emprego até nas oportunidades para progredir na carreira." Segundo a pesquisa do Dieese, na Região Metropolitana de São Paulo, enquanto 18,1% dos trabalhadores não negros alcançam cargos de direção, apenas 3,7% dos negros atingem esta função de chefia.
A pesquisa aponta ainda que os negros se concentram nas ocupações de menor prestígio e valorização como pedreiros, serventes, pintores, caiadores e trabalhadores braçais na construção, faxineiros, lixeiros, serventes, camareiros e empregados domésticos.
O Dieese diz que as políticas de ação afirmativa como as cotas raciais nas universidades ajudam a dar mais oportunidades de trabalho e estudos para a população negra, mas será necessário a criação de cotas nas empresas para que este público seja efetivamente atendido.
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