O governo boliviano solucionou neste sábado a greve dos médicos que durou 53 dias, após a confirmação do presidente Evo Morales de que está em suspenso decreto que aumenta a jornada de trabalho nos hospitais de seis para oito horas. O ministro de governo, Carlos Romero, e o presidente do Colégio Médico da Bolívia, Alfonso Barrios, assinaram um convênio que estabelece que o setor mantém sua rejeição ao decreto, considera insuficiente a suspensão e anuncia que apresentará suas reivindicações em tribunais nacionais e internacionais.
Segundo o convênio, as demandas poderão ser colocadas na Corte e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) para saber se o decreto é compatível com normas internacionais. Evo Morales decretou no fim de janeiro o aumento da jornada de trabalho dos médicos com o argumento que melhoraria o atendimento nos hospitais, mas o setor sustentou que duas horas a mais de trabalho não mudam os problemas de saúde porque os hospitais são velhos e funcionam com baixos orçamentos.
Os médicos também argumentam que as seis horas de trabalho são uma conquista social de 1970 que não pode ser perdida. Com seus protestos, apoiadas pelos sindicatos dos trabalhadores dos hospitais e estudantes de medicina, obrigaram a Morales a suspendê-lo. O conflito e a greve - que começou no fim de março - provocou distúrbios pelo país, que renderam vários feridos e detidos. Os protestos chegaram a várias cidades, com manifestações e bloqueios - que chegaram, inclusive, a paralisar estradas internacionais.
Uma das últimas manifestações violentas aconteceu na quinta-feira, quando estudantes tentaram protestar em uma reunião internacional de universitários organizada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) em Cochabamba. Barrios disse que um 90% das associações de médicos aceitou o convênio e que as outras, entre elas a de La Paz, que é uma das maiores da Bolívia, respeitou a decisão majoritária.
O acordo também estabelece que o governo deixe sem efeito os processos judiciais contra os médicos e universitários que participaram de tumultos nas últimas semanas e não descontará seus salários pelos dias não trabalhados em troca que os reponham durante suas férias. Segundo o sindicato dos médicos, já na segunda-feira os atendimentos nos hospitais serão normalizados.
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