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Internacional
Segunda - 21 de Maio de 2012 às 20:58

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O diretor da emissora da Conferência Episcopal Italiana, a TV 2000, pediu desculpas nesta terça-feira por ter divulgado que o Papa Francisco teria praticado um exorcismo em um jovem de cadeira de rodas após a missa de Pentecostes no último domingo. Em nota, Dino Boffo disse sentir muito pela TV ter alterado parcialmente a verdade dos fatos, mas ressaltou que a notícia é “metade verdade, metade mentira”, pois só quem pode dizer se houve um exorcismo é o próprio Pontífice.

“Eu peço desculpas por ter alterado a verdade dos fatos e às pessoas que estavam envolvidas, principalmente ao Papa”, afirmou Boffo. “Eu não quero atribuir a ele uma ação que não teve intenção de realizar. Ontem autorizei a divulgação de uma notícia que era verdadeira, mas verdadeira só em parte e em parte não verdadeira, porque o Papa não se reconhece na palavra exorcismo.”

Boffo ainda acrescentou que “somente quem pratica um exorcismo pode dizer se está realizando o procedimento ou se está apenas abençoando um fiel.”

Mais cedo, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, assegurou que Francisco não havia realizado um exorcismo, mas sim orado por um doente.

“O Santo Padre não teve a intenção de realizar um exorcismo. Ele, como faz frequentemente pelas pessoas que estão doentes, rezou por alguém que sofria”, disse Lombardi, em nota.

De acordo com o jornal italiano “La Stampa”, o jovem que aparece nas imagens com o Papa é um mexicano que foi à Praça de São Pedro acompanhado pelo padre Juan Rivas, da Congregação dos Legionários de Cristo. O rapaz já teria sido submetido a uma sessão de exorcismo pelo padre Gabriele Amorth sem que fosse possível libertá-lo, pois se trataria de “uma possessão diabólica violentíssima”.

Para o padre Jesus Hortal, foi apenas uma bênção

Apesar da negativa do Vaticano, especialistas consultados pelo programa “Vade Retro” assistiram às imagens e afirmaram que um gesto do menino supostamente exorcizado confirmava as suspeitas: quando o Papa coloca as mãos sobre seu rosto, o doente abre a boca.

O programa ainda afirmou que a expressão do Papa mudou ao ver a reação do jovem, mas ele continuou tranquilo. Nas imagens, é possível ver que o Pontífice põe as mãos por algum tempo sobre a cabeça do menino, que reage de uma forma discreta ao toque de Francisco. Sobre o vídeo, o padre Jesus Hortal Sanchez, professor de teologia e ex-reitor da PUC-Rio, afirmou ao GLOBO que a interpretação de um possível exorcismo não faz sentido.

- O Papa simplesmente fez a oração e nada além disso. Colocar a mão sobre a cabeça de uma pessoa não é exorcismo, é gesto de carinho e pode significar muitas outras coisas. Na confissão se faz isso. Essa interpretação é completamente sem sentido.

Na mesma linha, a teóloga da PUC-Rio Maria Clara Bingemer acredita que não há nada nas imagens que justifique as suspeitas do “Vade Retro”.

- Acho que devemos acreditar no que o porta-voz do Vaticano está dizendo. Me parece mais uma oração a um doente, já que esse Papa desde o início tem se prontificado a abençoar e ter contato com as pessoas. Nas imagens, não há nada que possa demonstrar um exorcismo. Quando o menino abre a boca, ele pode ter falado alguma coisa ou ter tido uma reação à bênção - afirma a especialista.

O padre e mestre pelo Vaticano em Ciências Bíblicas Leonardo Pessoa - em entrevista ao GLOBO - lembrou que o ritual é complexo e longo e descarta a possibilidade de que Francisco tenha feito algo do gênero nessas condições.

- O ritual do exorcismo é complexo, seria mais longo e complicado. Além disso, normalmente a Igreja pede primeiro avaliação médica e psicológica. Como Papa, ele poderia saltar os requisitos, acho; mas não acredito que teria feito algo do gênero assim.

Religioso diz que gesto é típico de exorcista

Já o padre Giulio Maspero, especialista em teologia sistêmica e que participou de dezenas de exorcismos, afirmou à agências internacionais que está certo de que a oração de Francisco se tratou de um “exorcismo ou pelo menos de uma oração para libertar o jovem da possessão diabólica”. Em entrevistas, ele destacou que as mãos do Pontífice sobre a cabeça do fiel é uma “posição típica” usada por um exorcista.

- Quando se é testemunha de alguma coisa assim, para mim foi impactante, é possível sentir o poder da oração - afirmou Maspero, referindo-se às próprias experiências.

O padre disse que o suposto exorcismo efetuado pelo Pontífice foi especialmente simbólico, que mostra a recepção do Espírito Santo pelos apóstolos de Jesus.

- O Espírito Santo está relacionado com o exorcismo porque é a manifestação de como Deus está presente entre nós e em nosso mundo.

Segundo a imprensa italiana, o Papa João Paulo II realizou um exorcismo em 1982, perto do mesmo local onde Francisco orou pelo jovem na cadeira de rodas no domingo.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/tv-que-divulgou-suposto-exorcismo-pede-desculpas-ao-papa-8452570#ixzz2TxhKnhLr
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