"Ele está tranquilo e nosso conselho, enquanto defesa, é que ele use o direito de permanecer em silêncio. [...] É um momento crítico, difícil, ele completou 81 dias de prisão, mas vai ser respeitoso na CPI", disse a advogada, que falou com a imprensa na saída da Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde o bicheiro está preso.
Cachoeira foi preso em Goiás no fim de fevereiro e transferido posteriormente para o presídio federal de Mossoró. Em 18 de abril, ele foi transferido para a Papuda.
Segundo Dora Cavalcanti, Cachoeira deve sair da penitenciária por volta de meio-dia. Ela afirmou que a Polícia Federal, responsável pela custódia do contraventor, não deu mais informações por razões de segurança. A advogada levou um terno para Cachoeira usar no depoimento.
A advogada afirmou que um dos motivos para o bicheiro ficar calado é uma audiência de processo no qual Cachoeira é réu e que corre na Justiça Federal de Goiás. "Existe mais de um motivo para essa atitude [ficar calado]. Não tivemos tempo de analisar o processo e existe uma audiência de instrução marcada para o dia 31 [de maio] e 1º [de junho]. De modo que não faz o menor sentido ele antecipar, dar declarações de fatos que são objetos do processo penal ao qual ele responde."
Cachoeira é o principal alvo da CPI, que investiga a relação do contraventor com agentes públicos e privados.
Perguntas
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que preparou mais de 100 perguntas para fazer a ele. Segundo Cunha, o foco será o elo do contraventor com políticos e a construtora Delta.
"Tenho muitas perguntas. Estamos trabalhando há algum tempo nas investigações da organização criminosa e ele é a principal figura. Queremos saber principalmente quais os agentes públicos que ele cooptou e corrompeu, até onde foram os tentáculos dessa organização criminosa", disse.
Ele ressaltou que buscará de Cachoeira informações sobre a extensão do envolvimento da construtora Delta com a quadrilha de jogo ilegal.
O depoimento foi autorizado nesta segunda pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, que havia suspendido a convocação na semana passada.
O deputado comemorou a decisão, contudo, admitiu a possibilidade de Cachoeira ficar em silêncio durante a oitiva.
"Nossa expectativa é de que ele colabore com a CPI. Vamos fazer todas as perguntas. Eu espero que responda. Mas ele não é o único meio necessário para produzirmos prova e investigarmos", destacou o deputado.
Novas convocações
O relator também disse que a fala de Cachoeira poderá abrir caminho para a convocação de autoridades. Na semana passada, os integrantes da CPI encerraram a reunião sem votar requerimentos de convocação dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).
Odair Cunha comentou ainda sobre a mensagem de celular enviada pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador do Rio de Janeiro na última quinta (17), durante reunião da CPI. Um cinegrafista do SBT registrou a mensagem. Nela Vaccarezza escreveu: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe você é nosso e nós somos teu (sic)".
Segundo Odair Cunha, o deputado petista e ex-líder do governo na Câmara não será expulso da comissão pelo partido. Na noite desta segunda, senadores e deputados do PT discutiram o assunto em reunião no Senado. "Ele não vai sair. A bancada está reafirmando o apoio ao Vaccarezza", afirmou Odair Cunha.
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