Ação por suposta improbidade administrativa tenta reaver R$ 3 milhões. Wagner Rossi foi demitido por Dilma em 2011; defesa não foi localizada.
Ministério Público pede bloqueio de bens de ex-ministro da Agricultura
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil contra a antiga cúpula do Ministério da Agricultura para tentar reaver cerca de R$ 3 milhões que teriam sido desviados da pasta.
Entre os 12 atingidos pela ação de improbidade administrativa, está o ex-ministro Wagner Rossi, demitido no ano passado pela presidente Dilma Rousseff por suspeitas de corrupção.
Os procuradores da República pediram, por meio de uma liminar, o bloqueio dos bens dos acusados. O grupo é suspeito de ter direcionado a contratação, sem processo licitatório, da Fundação São Paulo (Fundasp).
A entidade mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) teria recebido R$ 9 milhões do ministério para qualificar 7.229 funcionários. A fundação, aponta o MPF, teria repassado 28% do valor bruto do contrato como propina para os ex-dirigentes da Agricultura.
O G1 tentou ouvir o ex-ministro da Agricultura, mas ele e sua defesa não foram localizados. Na época das denúncias, Rossi pediu investigação da Controladoria Geral da União sobre o caso e negou ilegalidades em sua gestão. "Não fui, não sou e não serei conivente com qualquer tipo de desvio", afirmou em nota.
Ainda no ano passado, Rossi foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e fraude em licitação. Além da suspeita de ter recebido propina de fornecedores do ministério, Rossi foi acusado de uso irregular de jatinho de empresa particular e envolvimento em irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Esquema
Segundo a investigação do Ministério Público, a proposta de contratação da Fundasp para treinamento de pessoal teria sido articulada pelo lobista Júlio Fróes. Os procuradores sustentam que ele atuava em nome do ministro e despachava dentro das dependências do ministério.
Segundo a ação, interlocutores de Rossi teriam pressionado servidores da Agricultura a avalizar o contrato com a Fundasp, que havia sido rejeitado por um colegiado do ministério cinco meses antes. O Comitê Gestor de Educação havia considerado o custo do serviço incompatível com o orçamento da pasta.
As investigações destacam que o processo de escolha da fundação foi concluída em tempo recorde, com dispensa de licitação. Eles apontam ainda que o serviço contratado não exigia especificações técnicas especiais ou diferenciadas.
Antes de decidir se congela os bens dos suspeitos, o juiz da 8ª Vara Federal Antonio Claudio Macedo Silva, responsável pelo processo, quer analisar suas versões. Os 12 acusados, entre eles professores da PUCSP, têm até o início de junho para apresentar uma defesa prévia.
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