Suspeito de vazar informações é detido no Vaticano
Uma pessoa foi detida no Vaticano por posse de documentos secretos na investigação que a polícia vaticana realiza pelo vazamento de notícias reservadas, anunciou nesta sexta-feira o porta-voz da Santa Sé.
"A pessoa foi detida com documentos confidenciais", indicou o padre Federico Lombardi, ao se referir à investigação aberta pelas autoridades internas vaticanas devido ao vazamento de centenas de cartas e documentos reservados ao papa Bento 16 sobre temas polêmicos internos.
A investigação da polícia foi autorizada por uma comissão de cardeais e está a cargo do chamado "procurador" de justiça do Vaticano.
"A pessoa detida se encontra à disposição da magistratura vaticana", explicou Lombardi em declarações à imprensa, embora não tenha informado o nome ou o cargo que ocupa.
Segundo o jornal italiano "Il Foglio", os documentos internos foram vazados pelo "mordomo" do Papa, embora a publicação não descarte que pode se tratar apenas de um "bode expiatório" para apresentar rapidamente um culpado.
O anúncio da prisão, algo inédito no Vaticano, ocorre um dia após a destituição do presidente do Banco do Vaticano, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), Ettore Gotti Tedeschi, exonerado por "não ter cumprido com seu dever".
A demissão de Gotti Tedeschi foi decidida ao término de uma guerra interna pela aplicação das normas internacionais para a transparência e contra a lavagem de dinheiro sujo.
VAZAMENTO
Em janeiro, documentos confidenciais divulgados pela imprensa italiana, - o escândalo batizado como "Vatileaks" - confirmaram as lutas internas para o cumprimento das normas sobre a transparência.
Há um mês, Bento 16 criou uma comissão formada por três cardeais - Julián Herranz, Josef Tomko e Salvatore De Giorgi - para investigar o vazamento reiterada de documentos internos.
LIVRO
O livro "Sua Santità" compila uma centena de documentos reservados e cartas confidenciais ao papa e a seu secretário sobre temas como a cessação da violência anunciada pela organização terrorista ETA em outubro de 2011 e a cobertura que se deu no Vaticano ao fundador dos Legionários de Cristo, o falecido sacerdote mexicano Marcial Maciel, afastado de suas funções por Bento 16 devido ao escândalo que o envolveu por pedofilia.
Outros documentos se referem a "notas reservadas" sobre o presidente italiano, Giorgio Napolitano, prévias a um encontro que o líder manteve com o papa, e relatórios confidenciais relativos à defesa do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi no caso Ruby sobre suposta prostituição de menores.
O livro chega a revelar inclusive o número de conta aberta por Bento 16 no IOR, o banco vaticano, no dia 10 de outubro de 2007.
Estes novos documentos se somam aos publicados recentemente pela imprensa italiana, entre eles uma carta enviada ao papa pelo atual núncio apostólico nos EUA, arcebispo Carlo Maria Vigano, que alertava sobre a "corrupção, prevaricação e má gestão" na administração vaticana.
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