Se bem indicados e consumidos com cuidado, eles podem ajudar a melhorar a performance e os resultados da malhação
Escolha o seu suplemento e tome-o com os devidos cuidados
Se fizermos um levantamento em uma academia de ginástica, certamente a maioria das pessoas vai responder que conhece bem os suplementos e boa parte dessa turma já fez uso de algum produto desse tipo. Isso não é nenhuma surpresa, já que o seu consumo cresceu 23% no último ano no Brasil. Essas pessoas podem até estar fazendo a aposta correta, pois essas substâncias ajudam a potencializar o efeito da dobradinha dieta e malhação e ainda complementam o aporte de nutrientes, que nem sempre conseguimos obter através da alimentação.
No entanto, esses benefícios não dão carta branca para ninguém ingerir suplementos por conta própria e de maneira desenfreada, só porque a pessoa que está puxando ferro ao lado disse que teve ótimos resultados com esse ou aquele produto. As opções são muito variadas, por isso o ideal é procurar um médico ou um nutricionista para saber qual deles é o mais indicado no seu caso, como você deve tomá-lo e qual é a dose ideal. O especialista também deve avaliar se você pode fazer uso da substância, pois elas podem provocar efeitos colaterais, como suor excessivo, insônia, aceleração dos batimentos cardíacos e problemas nas funções dos rins e do coração. E se a pessoa já tiver algum problema relacionado a alguns desses órgãos, o efeito pode ser muito perigoso.
Ter consciência de que eles não fazem mágica também é essencial. Para obter os resultados desejados, tomar cuidado com a alimentação e praticar atividades físicas é indispensável. Do contrário, o efeito pode ser o oposto do desejado.
Cuidados na compra
Mesmo com a indicação correta é preciso ficar com os olhos abertos na hora de obter o suplemento. Um estudo realizado no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, analisou 111 produtos encontrados em academias paulistas. As marcas não foram divulgadas, mas sabe-se que seis eram nacionais, dez fabricadas no exterior e 95 nem sequer apresentavam a procedência.
O resultado da investigação foi preocupante: 25% deles tinham anabolizantes, substâncias derivadas de hormônios masculinos que podem provocar diversos estragos no organismo, sem declará-las no rótulo. Nas mulheres, eles podem levar a irregularidade na menstruação, alargamento das cordas vocais, deixando a voz mais grave, provocar o aparecimento de muitos pelos, a atrofia das mamas e a hipertrofia do clitóris. Nos homens, provoca o aumento das mamas, a atrofia dos testículos, comprometendo a fabricação de espermatozoides, e ainda pode levar a câncer nessa glândula e impotência. Em ambos os sexos pode haver aumento da agressividade, flutuação de humor, depressão, paranoia, aumento do colesterol ruim, hipertensão, dores de cabeça, queda de cabelo, infarto, tumores no fígado e até mesmo morte súbita.
Uma denúncia vinda do Paraná colocou mais lenha nessa fogueira. Um vendedor de suplementos de Londrina notou que alguns atletas que usavam Whey Protein estavam perdendo rendimento e, por isso, mandou avaliar 28 marcas por conta própria em um laboratório particular. Como ele esperava, o resultado mostrou que 53% delas apresentaram uma variação na tabela de composição ou tinham suas fórmulas alteradas, contendo porções menores do que as descritas na embalagem.
Por essas razões, esqueça a ideia de comprar um suplemento do seu amigo da academia ou pela internet em sites duvidosos só porque eles oferecem preços mais baixos. O ideal é optar por lojas idôneas e bem estabelecidas. Pedir dicas ao médico ou ao nutricionista de locais para adquirir o seu também é uma boa ideia.
Como são muitas opções de suplementos, pedimos ajuda à nutricionista Simone Maia, que é especializada em nutrição esportiva e é nutricionista da Academia Cia Athletica, do Rio de Janeiro, e à nutricionista Fernanda Ganem, também da capital carioca, para contar quais são os mais utilizados e como eles funcionam.
Whey Protein
É um dos suplementos mais conhecidos e é composto por uma proteína isolada do soro do leite. Ele possui grandes quantidades de aminoácidos essenciais que o nosso corpo não produz e ajudam no processo de hipertrofia muscular. O whey, inclusive, é considerado a fonte mais concentrada desses nutrientes. A princípio pode ser utilizada por qualquer pessoa.
Existem várias classificações de whey protein, dependendo do tipo de filtragem utilizado para obtê-lo.
1) Concentrado: é o mais comum. É extraído do leite através da filtração mais leve. Ele tem um teor de vitamina que varia entre 70 e 80%, dependendo do fabricante.
2) Isolado: sua extração é feita por um processo químico e apresenta até 95% de concentrado de proteínas. Sua absorção é mais rápida em comparação ao whey concentrado.
3) Hidrolisado: através de um processo chamado hidrólise enzimática, as moléculas de proteína ficam em tamanhos bem pequenos, facilitando a sua digestibilidade. Tem absorção mais rápida do que o isolado.
4) Time-release: é composto por diversas fontes de proteína, o que aumenta a concentração dos aminoácidos e faz com que sua absorção seja um pouco mais lenta. Sua liberação no organismo é gradual, proporcionando um resultado mais duradouro.
Caseína
É composta por 80% de proteína do leite e contribui para o ganho de massa muscular. Sua estrutura é grande e complexa, por isso a absorção é mais lenta do que a do whey protein, o que garante um pequeno, mas constante aumento dos aminoácidos no sangue. Isso faz com que ela seja uma boa opção para quem fica muito tempo sem se alimentar.
Creatina
Trata-se de um aminoácido obtido na alimentação através da carne, de alguns peixes, como o salmão, o atum e o arenque, e de outros produtos de origem animal. Sua ação é eficaz para o ganho de massa e para o aumento do desempenho, especialmente em atividades que exigem alta intensidade com curta duração, como os sprints. Além disso, ele ajuda o praticante a se recuperar com mais facilidade do esforço físico. Seu uso abusivo pode provocar vômito, diarreias e problemas renais. Por isso, quem já tem algum problema nos rins deve optar por outro suplemento.
Óxido Nitrico
Ele dilata os vasos sanguíneos, fazendo com que o músculo receba mais sangue, oxigênio e nutrientes, levando à hipertrofia muscular. O ideal é tomá-lo antes de se exercitar, de preferência junto com alguma proteína. Pessoas hipertensas ou com outros problemas cardiovasculares não devem fazer uso dessa substância. A arginina, também usada como suplemento, age como sua percursora.
Glutamina
Ela é produzida pelo organismo e constitui cerca de 60% do tecido muscular esquelético. Mesmo assim, é indicada a sua ingestão para quem pega pesado na malhação, pois a demanda de glutamina dos músculos nesse caso é maior do que o corpo é capaz de produzir. Ela ajuda na recuperação após o exercício de alta intensidade, especialmente a musculação, evitando o desgaste muscular e a perda de massa magra.
Maltodextrina
É um carboidrato complexo proveniente do amido de milho. Sua absorção é gradativa e lenta, liberando glicose no organismo aos poucos, o que faz com que ela forneça energia durante a atividade física, especialmente a de longa duração que exige muita resistência. É muito usada por jogadores de futebol, basquete, maratonistas e por muitos praticantes de musculação. Deve ser ingerido ates ou durante o treino e não deve ser usado por diabéticos.
BCAA
Essa sigla é uma abreviação de Branch Chain Amino Acids que significa aminoácidos de cadeia ramificada. Eles estão disponíveis em três versões: L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina. Os bcaa constituem até 35% da massa muscular corporal e são indispensáveis para a manutenção e o crescimento dos músculos, evitam que o praticante perca massa muscular e ainda reparam os tecidos.
Suplementos proteicos
Promovem o aumento da massa muscular e são dois tipos principais: a albumina e a proteína isolada de soja. A primeira é feita através da proteína pasteurizada e desidratada da clara do ovo, sendo uma das formas baratas e eficientes de suplementação desse nutriente. A segunda é ideal para pessoas que necessitem de suplementação proteica e que tenha alergia ou intolerância a produtos derivados de leite e ovos.
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