- Sinto-me incrível, completamente extasiado – definiu Connery logo depois do salto. - Venho treinando e planejando isso há anos e estou orgulhoso de ter sido o primeiro no mundo.
Paraquedista experiente, com um registro de cerca de 880 saltos em queda livre e 450 “base jumps” (em que o paraquedista parte de uma estrutura fixa, como uma ponte ou um prédio), Connery usou uma espécie de macacão com asas desenvolvido e modificado especialmente para o feito pela empresa TonySuit, sediada na Flórida. Segundo Tony Uragallo, fundador da TonySuit, o macacão de cerca de três quilos recebeu reforços feitos com nylon extremamente leve e resistente na área das “asas”, que também foram ampliadas. Os dois testaram de cinco a seis protótipos antes de chegarem ao desenho final, mas Uragallo destacou que o sucesso se deveu principalmente à habilidade do piloto:
- Você precisa ter pelo menos 200 saltos em queda livre antes que possa pular com um wingsuit, e mais pelos menos outros 200 saltos com um wingsuit para poder vestir um equipamento deste tipo.
Com o arrasto provocado pela roupa, Connery conseguiu reduzir sua velocidade terminal dos mais de 195 quilômetros por hora normalmente alcançados em uma queda livre comum para planar a até 80 km/h na horizontal e um mínimo de 24 km/h na vertical na hora do pouso. Embora o princípio seja conhecido há décadas, apenas nos últimos anos ousados paraquedistas começaram a realizar voos com wingsuits, especulando sobre a possibilidade de dispensar o paraquedas no momento final. Connery, no entanto, não estava entre os mais conhecidos do grupo, que tem entre seus expoentes o americano Jeb Corliss, que tinha planos de realizar feito semelhante e buscava patrocinadores.
- Nunca tínhamos ouvido falar deste cara e achamos que ele estava louco – comentou Corliss após ver o vídeo da proeza, realizada em uma fazenda da região de Henley-on-Thames, na Inglaterra, e acompanhada por dezenas de jornalistas e emissoras de televisão. - Foi uma das coisas mais incríveis que já vi na minha vida. Por causa dos filmes, as pessoas não entendem o que elas estão testemunhando. É um feito monumental um ser humano pousar a estas velocidades. É preciso uma enorme coragem.
Mas coragem não significa ausência de medo. Depois de estar a salvo em terra, o próprio Connery admitiu ter ficado nervoso antes de pular e mesmo após pousar.
- Sem dúvida tenho medo – disse. - É claro que fico assustado, mas honestamente, se não ficasse, seria hora de parar de fazer esse tipo de coisa. Quando você finge não se preocupar é que acidentes acontecem. Uso o medo e a paranoia para me manter em controle.
Comentários