"A grande expectativa é pelo que será perguntado. Não temos como saber o que os parlamentares vão querer saber, se estará além da representação, mas ele [Demóstenes] está preparado para dar todas as respostas", disse o advogado ao G1.
As declarações no Conselho de Ética serão as primeiras explicações do senador sobre sua relação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro durante a Operação Monte Carlo. Demóstenes responde ao processo no colegiado por suspeita de ter utilizado o mandato para auxiliar os negócios de Cachoeira.
Segundo Kakay, o depoimento de Demóstenes irá começar por um discurso, em que ele pretende apresentar um pouco sobre sua história parlamentar. Após o discurso, que deve durar cerca de 20 minutos, o senador se colocará à disposição para responder às perguntas dos senadores.
Demóstenes falará ao conselho depois que duas testemunhas de defesa arroladas no processo se negaram a depor. A primeira negativa veio do advogado de Goiás Ruy Cruvinel, que prestaria depoimento na última terça. Ele alegou motivos "pessoais e familiares" para não comparecer. A segunda negativa foi do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O depoimento de Demóstenes deverá ser último no Conselho de Ética antes da elaboração do relatório final, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE). O parlamentar já afirmou que a previsão de votação do relatório no conselho é final de junho.
CPI do Cachoeira
Além do depoimento no Conselho de Ética, o senador Demóstenes Torres é esperado nesta semana para prestar depoimento na CPI mista que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários.
O depoimento está marcado para a próxima quinta-feira (31), mas o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro admite que o senador poderá ficar calado.
"A CPI é uma decisão jurídica. Vamos avaliar como serão as perguntas que ele terá de responder no conselho para depois saber se será necessário ele falar na CPI ou não", afirmou o advogado.
Antes de Demóstenes, a CPI tem programados para quarta-feira (30) os depoimentos do ex-diretor da construtora Delta Cláudio Abreu, além de Gleyb Ferreira, José Olímpio de Queiroga e Lenine Araújo de Souza, auxiliares de Cachoeira.
Na condição de testemunha, a CPI convocou para prestar depoimento o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon, citado em escutas telefônicas da Polícia Federal.
Delta
Na terça-feira (29), a comissão deve votar a quebra o sigilo das contas nacionais da construtora Delta. As investigações da Polícia Federal mostram que a empresa Alberto & Pantoja Construções recebeu R$ 26 milhões da Delta nacional. A empresa funcionaria numa oficina mecânica, numa cidade perto de Brasília.
Os parlamentares cobram a quebra de sigilo da empresa em razão de evidências de que a empresa tenha repassado milhões a empresas de fachada que abasteceram a quadrilha de Cachoeira.
Na conta da Brava Contruções, que, segundo a polícia, também é uma empresa de fachada que serviria ao esquema de Carlinhos Cachoeira, a Delta nacional depositou pouco mais de R$ 13 milhões.
Governadores
A discussão na CPI sobre a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também ficou para a próxima terça-feira (29).
De acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira em fevereiro, auxiliares dos governadores de Perillo e Agnelo são citados em conversas telefônicas com integrantes da quadrilha do contraventor.
Já o governador do Rio, Sérgio Cabral, aparece em fotos ao lado do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, durante uma viagem a Paris.
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