Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Política
Segunda - 28 de Maio de 2012 às 13:27

    Imprimir


O advogado Paulo Taques é um dos nomes cotados pela oposição para disputar o cargo de presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, em novembro deste ano.

Ele diz que ainda não se decidiu a respeito, mas adianta que vai se reunir, nos próximos dias, com a oposição (...) e decidir.

A disputa pela presidência da Ordem entre o grupo de oposição e de situação, que está no poder há 20 anos, demonstra que o clima deve esquentar nos próximos meses.

De acordo com Taques, que defende um outro conceito de administração, é preciso mudar.

“Ainda que não houvesse nenhum tipo de problema, não é aceitável, do ponto de vista democrático, estar se alternando com as mesmas pessoas nos cargos e comandando a OAB por 20 anos. Isso, por si só, já é um constrangimento que a Ordem de Mato Grosso não pode passar”, destaca.

O advogado que tem opiniões firmes e contundentes sobre a atual administração, ao ser questionado sobre o porquê que as eleições sempre são tão acirradas, ele já tem a resposta na ponta da língua. “Eu acho que quem segura o poder na OAB e não quer sair de lá, porque criaram raízes lá dentro, é porque, com algumas exceções, dependem da OAB para fazer seus esquemas, seus lobbys”, dispara.

Confira a íntegra da entrevista:

MidiaJur – Existe uma curiosidade muito grande para saber por que a disputa pela presidência da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso é tão acirrada. Qual é a grande vantagem de ser presidente da Ordem?

Paulo Taques – Quando eu fui candidato em 2006, a minha intenção era privilegiar e fortalecer a classe de advogados, o que continua sendo mesmo eu não estando dentro da OAB. Eu vejo hoje claramente o porquê que o grupo que está lá faz de tudo para não deixar o comando da OAB. Infelizmente a maioria dos que lá estão depende da OAB para sobreviver. Volto no exemplo das licitações direcionadas. Eles usam a OAB para interesse próprio. Eles usam a OAB para auferir vantagens profissionais e pessoais.

MidiaJur – Então, a OAB seria uma grande publicidade para quem está no poder?

Paulo Taques – Eu acho que é uma grande publicidade obscura. Vamos ser justos, eu percebo até no atual presidente Cláudio Stábile um constrangimento com isso tudo. Ele não se sente bem nesse aspecto lá na presidência da Ordem, talvez porque ele esteja vendo isso tudo. Não acredito que ele tenha se utilizado para isso. Respeito muito Cláudio como advogado e profissional, mas infelizmente há membros da OAB que fazem isso. Eu acho que quem segura o poder na OAB e não quer sair de lá, porque criaram raízes lá dentro, é porque, com algumas exceções, dependem da OAB para fazer seus esquemas seus lobbies.

MidiaJur – Usando a sua fala, na qual o senhor coloca que o presidente Cláudio Stábile talvez se sinta constrangido com a situação existente lá dentro, seria esse o motivo para ele não se posicionar como um candidato?

Paulo Taques – Talvez seja isso que o esteja levando a pensar em não ser candidato à reeleição. Mas, isso é no campo das hipóteses.

MidiaJur – E o senhor já se decidiu se vai ser candidato ao cargo de presidente da OAB?

Paulo Taques – Eu não me decidi ainda. Vou me reunir nos próximos dias com a oposição. Até me mandaram um e-mail com pesquisas que foram feitas e meu nome aparece bem avaliado e eu fico honrado com isso. Devo decidir isso nos próximos dias.

MidiaJur- Agora, caso o senhor decida pela candidatura, acredita que para conquistar um resultado diferente do que vem acontecendo nos últimos anos, é preciso que a oposição esteja unida?
Paulo Taques – Eu acredito que a oposição precisa se unir, mas numa conversão de ideias e propostas. Não basta simplesmente nos unir bater uma foto e falar que estamos juntos. É preciso que cada um desses [Luciana Serafim, João Celestino, Piu da Silva], entre tantos outros que não tem tanta visibilidade, mas que são tão capazes quanto qualquer um de nós. É preciso ter um convergência de ideias, propostas e que cada um tenha o entendimento de que basta da OAB ser utilizada para fins que não sejam de fortalecimento da classe. Havendo isso, eu acho que a vitória nas urnas é automática.

MidiaJur – O senhor acha que a categoria quer mudança?

Paulo Taques – Eu acredito que sim. Ainda que não houvesse problemas, ainda que não houvesse críticas. Acabou de sair a notícias que o presidente da OAB e o conselheiro federal serão investigados no foro adequado, por quanto desses problemas na licitação. Ainda que não houvesse nenhum tipo de problema, não é aceitável do ponto de vista democrático, estar se alternando com as mesmas pessoas nos cargos e comandando a OAB por 20 anos. Isso por si só já é um constrangimento que a Ordem de Mato Grosso não pode passar. E tem mais uma, a OAB está na contramão de tudo que diz respeito a transparência. Acabamos de ter a Lei de Acesso à Informação aprovada e a OAB está negando ao movimento oposicionista uma prestação de contas, simples. Só queremos saber como a OAB gasta o dinheiro da anuidade e ela se recusa a entregar.

MidiaJur – Mas, as informações não estão acessíveis no site?

Paulo Taques – Nós queremos é olhar comprovante, nota fiscal... Isso que está no site é mais uma desculpa esfarrapada para não ser transparente.

MidiaJur – Agora, mudando de assunto, como o senhor analisa a situação da Defensoria Pública, hoje, em Mato Grosso?

Paulo Taques – Na minha opinião, o defensor público é um dos cargos mais valorosos que nós temos não só na área do direito, mas, de uma forma em geral, o defensor público é um cargo quase que um sacerdócio. Eu respeito muito o defensor público por atender aqueles que não podem pagar um advogado. Eles estão atravessando problemas e vou dar a minha opinião quando me perguntaram o que eu achava que deveria acontecer na OAB, quando das denúncias contra os gestores da entidade. Qualquer gestor público que está sendo acusado de estar usando o seu cargo de maneira antirrepublicana ele tem que se afastar. Isso é bom até para ele próprio, demonstrar transparência. Não vou aqui criticar, só vou dizer o que já falei para a minha própria classe. Qualquer um que está sendo acusado de utilizar o cargo, a primeira providência é se afastar e deixar que a administração investigue.

 






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/38849/visualizar/