Presidente de CPI nega influência de Lula em investigações
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse nesta segunda-feira que todos os requerimentos pedindo que governadores citados por relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira prestem esclarecimentos no Congresso Nacional estão prontos e poderão ser votados na reunião desta terça-feira. "Estão prontos, poderão ser votados todos, vai depender agora da vontade do colegiado. A pauta está aberta e requerimentos preparados", garantiu.
A reunião que poderá convocar os governadores do Rio de janeiro, Distrito Federal e Goiás está prevista para as 14h e já conta com 10 pedidos para serem colocados em votação, entre eles, o que determina quebra de sigilos das contas da matriz da construtora da Delta.
Perguntado sobre denúncias de que o ex-presidente Lula teria se apresentado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes como sendo capaz de garantir blindagem a investigados pela CPI, Vital do Rêgo disse que tais fatos não atingem a comissão. Ao recusar comentar o caso, alegou a necessidade de manutenção de foco nas investigações. "Não é o objeto da CPI. É obrigação de presidente garantir o foco e esse não é de jeito nenhum foco de investigação pela comissão", disse. Ao ser perguntado se Lula manda na CPI, Vital garantiu que não. "Não, ele não manda".
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Comentários