Cientistas da USP conseguem financiar projeto com "vaquinha virtual"
O financiamento colaborativo de projetos de ciência ainda engatinha no Brasil, mas um grupo de pesquisadores da USP já está tirando proveito da ferramenta.
Sem dinheiro para ir a uma das maiores competições de biologia sintética do mundo, a iGEM (Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Modificadas, em inglês), que acontece nos EUA, a equipe decidiu apelar para o "crowdfunding" (uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro).
Em pouco mais de um mês, eles conseguiram quase US$ 3.000 para custear a inscrição da equipe no evento. E a maior parte das doações veio de pessoas sem nenhum contato com o grupo.
"O "crowdfunding" é meio que uma nova versão da rifa para arrecadar dinheiro", brinca Carlos Hotta, professor do Instituto de Química e líder da equipe brasileira na competição. Foi dele a ideia de usar a ferramenta para financiar o projeto.
"A maior inspiração foi o desespero. Nosso plano A, que era conseguir dinheiro com empresas, não deu certo. Tivemos de buscar alternativas", explica Hotta.
SEM BUROCRACIA
Segundo ele, o "crowdfunding" foi também uma boa opção para lidar com um problema burocrático. Apesar de seu caráter de pesquisa e desenvolvimento científico, a iGEM é uma competição, uma modalidade que, ao contrário de congressos e simpósios, não está descrita nos editais de pesquisa e outras regras das universidades.
O grupo usou o site RocketHub, o qual, embora não seja exclusivo para ciência, tem vários projetos da área.
"Nas primeiras duas semanas, as doações eram só de conhecidos. Foi quando nós fizemos o vídeo que as contribuições dispararam", explica Otto Heringer, estudante de química, membro da equipe e autor do roteiro engraçadinho do filme, que se espalhou pela USP.
E ter um bom vídeo de apresentação é considerado um do trunfos de quem busca financiamento. Os próprios sites recomendam caprichar nesse quesito.
NOVO DESAFIO
Mas, apesar do sucesso da iniciativa, o desafio da equipe --um projeto multidisciplinar que reúne professores e alunos de graduação e pós em várias áreas-- ainda não acabou.
Agora, eles precisam de dinheiro para pagar as passagens e a estadia das pessoas na competição, que será dividida em duas etapas: uma regional classificatória na Colômbia e outra geral nos EUA.
A equipe quer apresentar projetos como uma espécie de tela touchscreen feita com bactérias e uma rede de comunicação também com bactéria.
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