“Certamente a safra de milho será recorde, até porque temos uma área também recorde, com 2,5 milhões de hectares agraciados com muita chuva em um ano atípico. Agora, temos que nos preocupar com a comercialização”, declarou o dirigente.
Em Mato Grosso, o crescimento da segunda safra aproxima-se dos 70%, na comparação com o ciclo anterior, quando no campo atingiram-se 6,9 milhões de toneladas. Contudo, cresce a ansiedade do setor produtivo para mais um ano de adversidades no tocante ao armazenamento de grãos.
Para Fávaro, a velocidade com que o milho está sendo vendido pode aliviar a tensão sobre a falta de armazéns. Até a última semana de maio, 61,4% da produção foram comercializados, conforme o Imea. Representa um avanço de 7,1 pontos percentuais sobre o ano passado, quando na mesma época as vendas estavam em 54,3%.
“O milho vai entrar e sair. Cremos que isso será um alívio, mas talvez em pequenos momentos onde se acumula a entrada e saída da lavoura com a saída para os mercados consumidores podem ocorrer alguns problemas”, ponderou o dirigente.
“A comercialização está atrelada à armazenagem. Hoje temos vendido o tamanho da safra do ano passado. Se esse total rapidamente entrar no armazém e for escoado vai abrir para os outros grãos que forem colhidos. O problema é se ficar estocado”, ponderou Carlos Fávaro.
Para evitar problemas com o armazenamento são necessárias medidas governamentais, no entender de Fávaro. “Se usarmos da política de comercialização, recomposição dos estoques podemos minimizar esse problema. Mas é um risco, com certeza”, expressou.
Em Sinop, a 503 quilômetros, o produtor Leonildo Barei já vendeu 50% da lavoura de milho. Este ano ele plantou 600 hectares com a safrinha, mas conta que o crescimento esperado para este ano pode, de fato, colocar o setor em risco. “Estamos caminhando para uma boa safra de milho, pois a maioria plantou em tempo hábil. Mas se com oito milhões de toneladas já faltavam armazéns, imagine agora”, contou. Poucos armazéns disponíveis elevam também as tarifas na hora de receber o cereal.
Capacidade de armazenagem
Em Mato Grosso, até o ano de 2008, o déficit de armazenagem superava 2 milhões de toneladas. O estado contava com uma capacidade de 25.616 toneladas, sendo que somente a produção de grãos no período somou 27.971 toneladas.
Doze microrregiões se destacam pela deficiência de armazenagem, entre elas São Félix do Araguaia, Tangará da Serra, Paranaíta, Colniza, Pantanal, Sapezal, Vila Rica, Pontes e Lacerda, Araputanga, Lucas do Rio Verde, Juara e Nova Mutum, aponta o Imea.
O Instituto calcula que sem a construção de novos armazéns até o ano de 2020, as regiões Nordeste e Médio-Norte vão registrar o maior déficit de armazenagem, com 4.585 milhões de toneladas e 3.334 milhões de toneladas, respectivamente.
O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) e também da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Nelson Piccoli, diz que a maior responsabilidade sobre a construção de novas estruturas de armazenagem é principalmente do setor produtivo. “Se tem algum problema de armazenagem não é o governo o culpado, é o setor produtivo. Ele deve ter consciência que se aumenta a produção deve-se aumentar também a capacidade. Tem que se organizar”, alertou.
Estradeiro Aprosoja
A cidade de Sinop foi a primeira a receber a comitiva formada por representantes da Associação dos Produtores, Federação da Agricultura e Pecuária e sindicatos rurais. O grupo viaja entre os estados de Mato Grosso em direção ao Pará pela BR-163. O chamado ‘Estradeiro Aprosoja" objetiva avaliar as condições da rodovia federal que corta as duas unidades da federação.
Edeon Vaz Ferreira, coordenador-executivo do Movimento Pró-Logística, formado por várias entidades do setor produtivo, destaca que todas as conclusões acerca da rodovia vão formar um relatório a ser entregue para o Governo Federal e representantes do poder executivo. Servirão para reforçar o pedido de cobranças pela melhora de trafegabilidade na região.
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