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Política
Quinta - 31 de Maio de 2012 às 00:44

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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), negou nesta quarta-feira pedido feito pelo advogado do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Antônio Carlos de Almeida Castro, para dispensar o parlamentar de depor amanhã na comissão. Com a negativa, Castro já adiantou que seu cliente irá se manter calado durante o depoimento.

 

De acordo com o advogado, Demóstenes já havia "dito tudo o que precisava" nesta terça-feira, durante sessão no Conselho de Ética do Senado, onde é alvo de processo por quebra de decoro parlamentar. Dessa forma, Castro afirmou que o senador irá adotar a estratégia de permanecer em silêncio durante a audiência da CPI. Antes dele, o próprio Cachoeira compareceu por mais de duas horas à comissão e se recusou a responder perguntas ou fazer declarações. Outros depoentes seguiram seu exemplo.

Também nesta quarta-feira, a CPI aprovou requerimento do deputado Dr. Rosinha (PT-PR) para ter acesso aos dados telefônicos, bancário, fiscal e do correio eletrônico do senador Demóstenes Torres. A decisão foi aprovada por unanimidade. O acesso abrange, ainda, mensagens via celular e comunicação via Skype (sistema de telefonia por computador).

Ao justificar a iniciativa, Dr. Rosinha alegou que a figura de Demóstenes se sobressaiu em meio a "um turbilhão de irregularidades". O deputado ainda afirmou que o senador mantinha relação próxima com Cachoeira, pediu dinheiro e vazou informações de reuniões oficiais ao contraventor goiano. "Escutas mostram que o senador que, em público, se notabilizou pelo comportamento sempre vigilante, comportava-se de modo bem diferente no ambiente privado. Demóstenes tratava Cachoeira por "professor" e era tratado como "doutor"", diz o requerimento.

Em depoimento ao Conselho de Ética, Torres admitiu sua "amizade" com o empresário Carlinhos Cachoeira, mas negou ter participado de seus negócios, motivo pelo qual é objeto da CPI.

Com informações da Agência Brasil.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





Fonte: Terra

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