Durante a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que acontece este mês no Rio de Janeiro, diplomatas e líderes mundiais tentarão formular um acordo para que os países façam uma transição para uma “economia verde”.
Nas negociações, existe um impasse sobre a definição do que exatamente é a "economia verde", mas, em linhas gerais, se trata da busca de modos de produção e consumo que façam melhor uso dos recursos naturais, garantndo uma vida digna às pessoas, sem comprometer o bem-estar das gerações futuras.
(Do dia 1º a 9/6, o G1 publica uma série de reportagens abordando os principais temas que serão discutidos Rio+20.)
Enquanto a comunidade internacional não chega a uma conclusão na esfera global, localmente os empreendedores tomam medidas que tornam suas atividades mais sustentáveis, mesmo que em pequena escala.
Foi o que aconteceu com Jamilton Pereira, dono do restaurante Rei da Pizza, em Camaçari (BA), que, após introduzir a pizza como novidade em sua cidade, resolveu fazer uma parceria com uma madeireira para usar as sobras resultantes da serragem. “Ficou mais econômico. E só recebemos madeira reflorestada”, explica Pereira.
O negócio cresceu e, atualmente, o Rei da Pizza já conta com quatro restaurantes na cidade baiana. Para aproveitar melhor as matérias-primas, o empresário abriu um centro único para produzir os alimentos. Lá, todo lixo gerado é separado e mandado para reciclagem.
“O único resíduo que sobra é papel higiênico, guardanapo e papel-toalha. O resto nós destinamos pra reciclagem. O óleo também é separado para ser reciclado. Só de óleo, são uns mil litros por mês”, explica.
Os restos de alimentos são doados a um suinocultor da região, que os usa para alimentar os porcos. Os funcionários do Rei da Pizza foram treinados para evitar desperdício, gerando uma economia de matéria-prima de cerca de 30%, de acordo com Pereira.
“Capacitamos o pessoal nas boas práticas com alimentos. Eles aprenderam, por exemplo, que não se pode misturar a carne de boi com a de frango, porque cada uma tem um tipo de bactéria que se prolifera mais rápido”.
Na abertura da última unidade, Pereira apostou também numa arquitetura mais “verde”, com iluminação natural. “Durante o dia, não precisamos acender a luz”, conta.
Lavanderia
Mesmo atuando num ramo que usa água e energia de forma intensiva, o empresário Paulo Gomes acreditou que poderia fazer mais pelo ambiente em sua lavanderia instalada em Rondonópolis (MT).
Uma das ideias que teve foi aproveitar o calor do clima local para secar as roupas. Para entregas com prazo de 48 horas, passou a deixar as roupas em varais. Com isso, não só economiza energia, como também melhorou o ambiente para os trabalhadores no galpão onde funciona a empresa, porque o ar no local ficou mais úmido.
Outro passo foi automatizar os equipamentos de lavagem, o que fez com que gastasse menos água e produtos químicos, pois eliminou o erro humano nas dosagens. “E sabe como é: o pessoal sempre erra para mais”, brinca o empresário.
Também o consumo de plástico preocupava Gomes. Ele começou seu negócio entregando as roupas lavadas em sacolas, mas logo comprou uma embaladora, que permite que o material seja empacotado com a quantidade justa de filme. “Com isso, o consumo caiu em 32%”, diz Gomes.
Para as entregas, outra medida de redução de consumo: o carro que fazia 7 quilômetros por litro de combustível foi trocado por um triciclo, que chega a 25 quilômetros por litro – ou seja, economia de mais de 70%.
"Conceito errado"
“Para muitos empresários, investir em sustentabilidade é despesa. Isso é um conceito errado. Investir em sustentabilidade dá retorno, porque você diminui custo”, diz Gomes.
Pesquisa feita pelo Sebrae junto a donos de micro e pequenas empresas aponta que essa visão está mudando: 46% areditam que a questão ambiental pode ser uma oportunidade de ganho.
No mesmo levantamento, os empresários deram sinais de que já tomam medidas para evitar desperdício, pois 70,2% responderam que fazem coleta seletiva de lixo; 72,4% controlam gasto de papel; 80,6%, de água; e 81,7%, de energia.
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