Ananias aponta que Alto Taquari e Alto Araguaia sofrem forte impacto social
Prefeito teme que ferrovia leve "favelização" a Rondonópolis
O prefeito interino de Rondonópolis, Ananias Filho (PR), teme que, com a chegada da ferrovia ao município e a inauguração do Terminal de Cargas, previsto para o começo do ano que vem, tenha início um processo de favelização no entorno. Ele afirma que a cidade não está preparada para receber a Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte).
“Quando o trem apitar em Rondonópolis, teremos um impacto ambiental e social grande. De todo modo, o impacto financeiro será maior ainda”, apontou o prefeito, referindo-se ao aquecimento da economia local. O republicano está no comando do município desde 15 de maio, após a cassação do prefeito eleito José Carlos do Pátio (PMDB) e sua vice Marília Salles (PSDB).
Ananias observou que, nos municípios mato-grossenses onde já há terminais ferroviários em funcionamento, foi gerado um impacto social negativo.
“Em Alto Araguaia e Alto Taquari, fomentou-se a prostituição no entorno no terminal, encontramos crianças abandonadas... Em Rondonópolis, pode ocorrer a mesma coisa, pois o terminal gerará um crescimento econômico sem o aporte de mais hospitais, escolas, hotéis. Sem condições de receber gente de fora. Foi um erro não planejar antes”, disse o prefeito.
O deputado federal Wellington Fagundes (PR) partilha da mesma opinião de Ananias, e afirma que é preciso tomar cuidado para que Rondonópolis não sofra os mesmos impactos negativos dos outros municípios que receberam a ferrovia. “No entorno do Terminal de Alto Araguaia há muita pobreza, e um processo avançado de favelização. Não queremos que isso aconteça em Rondonópolis”, declarou.
De acordo com o prefeito do terceiro maior município do Estado, a falta de planejamento foi o que levou à geração de pobreza nas duas primeiras cidades mato-grossenses a receberem a Ferronorte. O terminal de Alto Taquari foi inaugurado em 2000, e o de Alto Araguaia em 2001.
O terceiro terminal da Ferronorte, em Itiquira, foi inaugurado no dia 2 de junho, e ainda não se sabe se ele trará o mesmo impacto social gerado nos outros municípios. A unidade fica a 14 quilômetros da cidade, e a via de ligação ainda não foi asfaltada. Os gestores, até o momento, só têm comemorado. Segundo o prefeito Ernani José Sander (PSDB), já foram gerados 1,5 mil empregos “com carteira assinada” no município como reflexo das obras e funcionamento do terminal.
No caso de Rondonópolis, o terminal ferroviário ficará a 28 km do centro da cidade, em uma área de 400 hectares, na BR-163, na saída para Campo Grande (MS).
“A cidade peca há muito tempo por não ter feito esse planejamento. Desse modo, não há como executar as intervenções necessárias. O que podemos fazer, até o final do ano, é planejar e projetar os investimentos que precisam ser feitos pelo município para receber o terminal de forma adequada”, apontou Ananias.
Chegada a Cuiabá
Apesar de o trecho entre Rondonópolis e Cuiabá ainda não estar licitado, e não ter previsão de quando será concluído, a falta de planos da administração da Capital para o terminal ferroviário também preocupa alguns líderes.
O vereador Franciso Vuolo (PR), que deixou o comando da Secretaria de Acompanhamento da Logística Intermodal de Transportes na última terça-feira (5), depois de acompanhar a implantação da ferrovia por um ano e meio, aponta que Cuiabá também não está preparada para receber a ferrovia.
“A ferrovia vai chegar a Cuiabá. O que é que está sendo pensado para isso? Essa ferrovia, ao chegar em uma determinada região da cidade, que no caso será na região do Distrito Industrial, vai transformar o entorno do local onde ela vai ser implantada. O que é que se está prevendo para poder receber indústrias, empreendimentos, mão de obra qualificada para atuar nesse setor?”, questiona.
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