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Polícia
Domingo - 17 de Novembro de 2013 às 11:47
Por: MARCIO CAMILO DA REDAÇÃO

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 No dia 20 de outubro deste ano, a Polícia Militar de Mato Grosso celebrou os 30 anos da inserção da mulher na corporação, que, praticamente, sempre foi uma instituição composta em sua maioria por homens. 
 
Mas, de uns tempos para cá, essa história está mudando. Principalmente porque hoje existem mulheres ocupando os postos mais altos do comando da Polícia Militar de Mato Grosso. 
 
O MidiaNews entrevistou três personagens que representam bem essa acesso da mulher aos postos de comando na PM-MT: a tenente-coronel Ridalva Souza, a major Rosalina Gomes de Pinho e a major Karla Cristina Metello Figueira.
 
As três possuem trajetórias que, ao mesmo tempo, são diferentes e se cruzam num determinado momento. 
 
O que é certo é que não só as três mas todas as mulheres que decidiram ser policiais tiveram que quebrar paradigmas e vencer preconceitos, tanto dentro como fora da corporação, por conta de uma sociedade que, culturalmente, sempre foi considerada machista, ao longo dos tempos. 
 
A tenente-coronel Ridalva, de 41 anos, casada e mãe, sabe o quanto é complicado ser policial mulher e, ao mesmo tempo, se dedicar ao esposo e aos filhos.
 
Mas, apesar dos sacrifícios, ela não reclama: ama a profissão, com toda a devoção. 
 
Para ela, ser policial é servir à sociedade. “É um sentimento de fraternidade e doação extrema ao próximo. É por isso que essa profissão é a mais linda que nos temos hoje dentro da sociedade”, define, toda orgulhosa e emocionada ao falar do ofício. 
 
Apesar de toda devoção e dedicação em servir e proteger a sociedade, Ridalva reconhece que a profissão de policial é para poucos. 
 
“O que acontece é que, muitas vezes, você abre mão da sua família para cuidar da segurança do próximo. Se você não tiver esse comprometimento, você não serve para ser policial”, destaca. 
 
A tenente-coronel ressalta as jornadas extenuantes, quando nos feriados e datas comemorativas, os policiais ficam longe da família, realizando operações pela madrugada. “No carnaval, por exemplo, você chega a ficar cinco dias longe da família”, conta a oficial. 
 
Ridalva está no auge da carreira, ao ponto de conquistar o posto mais alto da corporação: o de coronel. 
 
Ao longo de sua trajetória na PM, ela já foi aspirante, segundo tenente, capitão, major e, atualmente, é tenente-coronel. “Estou há 17 anos na Polícia Militar e já passei por todas as atividades inerentes à profissão”,afirma.
 
E é olhando a sua trajetória, por ter passado o que passou, que Ridalva acredita que o preconceito da mulher na PM é uma questão praticamente superada, pelo menos dentro da corporação. 
 
“Acredito que eu venho de uma geração que quebrou muito do preconceito da mulher na PM. Entendo que o preconceito é coisa do passado, dos primórdios da instituição. Se realmente houvesse tanto esse preconceito, eu não teria a oportunidade de subir na carreira, como eu subi ”, afirma. 
 
Agora, com relação às pessoas de fora, Ridalva ainda faz algumas ponderações. Acredita que a população, de uma maneira geral, ainda encara com certa surpresa quando vê na rua uma mulher fardada. 

Arquivo Pessoal

Major Rosalina realiza trabalhos comunitários dentro da PM-MT

 
“Mas eu não sei se seria preconceito, necessariamente. Acho que apenas é uma surpresa mesmo, pelo fato de não ser tão comum mulheres fardada”. 
 
Ridavalda Souza ingressou na primeira turma de oficiais formados em Mato Grosso, no ano de 1994. 
 
Um dos maiores incentivadores da carreira foi o seu pai, que é sargento aposentado da Polícia. “Sempre foi o sonho dele ter um filho na PM”, conta. 
 
Ela estava como comandante regional adjunta de Várzea Grande, onde era a coordenadora operacional responsável pelos municípios de Rosário Oeste, Nobres, Jangada, Acorizal, Livramento, Poconé e Várzea Grande. 
 
Mas, agora ela foi transferida e encara um novo desafio: ser comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP). A unidade é responsável pela formação de soldados, cabos e aperfeiçoamento de sargentos. 
 
De acordo com ela, o comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Nerci Adriano Denardi, trata do assunto com prioridade. 
 
“A intenção é dar uma nova roupagem de ensino e resgatar a inclusão da dignidade humana nos treinamentos dos policiais militares”, diz a tenente-coronel, com toda a disposição para encarar mais esse desafio dentro da Polícia Militar.
 
 
Major Rosalina: trajetória social
 
Do tempo que se dedicou e se dedica às suas funções na Polícia Militar, a trajetória da major Rosalina Gomes de Pinho, nascida em 7 de junho de 1974, foi marcada por missões humanitárias e em estabelecer um conceito de comunidade dentro da PM-MT.
 
Foi ela que propôs a criação da Coordenadoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. 
 
Proposta que foi aprovada, sendo homologada e criada a coordenadoria em junho do ano passado. 
 
Atualmente, Rosalina está à frente desse setor, desenvolvendo diversos trabalhadores sociais e todo um método diferenciado para a atuação do policial militar, baseado numa filosofia de policiamento comunitário. 
 
Mas, antes de ser a coordenadora comunitária da PM, a carreira de Rosalina sempre foi focada no social.
 
Quando trabalhou na equipe de segurança do governador Dante de Oliveira, na Secretaria de Segurança, ela era gerente de Projetos e Programas comunitários.
 
Depois, disso foi comandante de Companhia da PM na cidade de Rondonópolis, e novamente desenvolveu trabalhos sociais, sendo a comandante de companhias comunitárias da região de Beira-Rio e da Grande Morada da Serra, em Cuiabá. 
 
Todo esse trabalho lhe rendeu a promoção de major. E o resultado é que, em 2010, ela foi representar o Brasil em Israel, num workshop de polícia comunitária. 
 
Quanto aos preconceitos, Rosalina entende que isso ainda é uma situação generalizada na sociedade. “Me deparo com alguns no dia a dia. Mas entendo que isso é por conviver em um universo ainda muito masculino”, afirma. 
 
Quando criança, Rosalina queria ser marinheira. Acabou virando policias militar e hoje se sente uma mulher realizada. 
 
“Me sinto muito realizada por estar em uma instituição respeitada e por fazer parte do grupo seleto de oficiais superiores, que são responsáveis pela tomada de decisão no alto comando da Polícia Militar de Mato Grosso”, destacou a major. 
 
Major Karla: as dificuldades no ingresso
 
Quando entrou para o corpo da Polícia Militar de Mato Grosso, no ano de 1994, a major Karla Cristina Metello Figueira destaca que a adaptação foi difícil de ambos os lados: tanto da instituição quanto das primeiras oficiais que se formavam no Estado. 
 
“Quando ingressei na PM, apesar de já ter mulheres em seu quadro, ainda assim a presença feminina era novidade. Nos quartéis não havia banheiros nem alojamentos para as mulheres. A Instituição teve que se adaptar a presença de policiais femininas e nos também nos adaptamos ao convívio militar”, relata a major. 
 
Quando ingressou na PM, havia a restrição de postos para mulheres, cujo limite máximo de ascensão era a patente de major. “Contudo, essa barreira foi superada e hoje podemos chegar até o posto de Coronel PM”, ressalta Karla.
 
A oficial também lembra que sempre teve a apoio da família, que, inclusive, é composta por várias oficiais e praças da PM de Mato Grosso. 
 
Hoje, depois de ter vencido todas as dificuldades de adaptação e preconceito, Karla é uma oficial de carreira consolidada na Polícia Militar. Atualmente ela é Coordenadora Adjunta de Comunicação Social e Marketing Institucional da PM. 
 
Quando o assunto é mulher na PM, o comandante geral, coronel Nerci Adriano Denardi, pondera que, apesar das conquistas, há muito que se avançar, no que se refere à participação e comando da mulher policial. 
 
“Pois a presença feminina dentro da corporação é de fundamental importância. A mulher tem na sua natureza a sabedoria, a agilidade e o dinamismo”, elogia. 
 
Denardi também recorda que no início, a participação da mulher limitava-se a um pelotão, com soldados. 
 
Mas, ao longo deste processo, foram formadas sargentos e oficiais, que proporcionaram uma maior participação da mulher nas decisões da PM. 
 
“A expertise feminina na organização e sua sensibilidade oportunizam uma melhoria dos serviços da instituição, a tornando mais humanizada e próxima do cidadão”, concluiu o comandante geral da PM. 
 
O que diz a lei
 
Em 2007, o Estado criou a Lei Complementar, de número 271/2007, que determina mais espaço para as mulheres na PM. 
 
A lei, em seu artigo 33, estipula que é destinada uma cota de 10% às mulheres em todos os Quadros de Oficiais e Praças da Polícia Militar de Mato Grosso. 
 
A lei também determina que a ascensão vertical e horizontal na carreira dos policiais militares, independente do sexo, obedecerá à igualdade de condições para as devidas promoções nos respectivos quadros.





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