Ana Carolina Georgi Martin, de 14 anos, e Wagner Russo de Alvarenga Costa Junior, de 15, cursam o primeiro ano do ensino médio no Colégio Vital Brazil, em São Paulo, e completam no próximo sábado (16) um mês de namoro. Nesta data eles devem também comemorar o Dia dos Namorados, já que nesta terça-feira (12) não haverá tempo livre por conta dos compromissos escolares. Eles não estudam na mesma sala, mas se conheceram na escola, por meio de amigos em comum.
No colégio, o casal anda de mãos dadas, mas não se beija. É proibido. “As regras não estão escritas, mas o aluno tem de ter uma percepção do espaço e lembrar que está em uma escola”, afirma Maria Helena Esteves, coordenadora pedagógica do Vital Brazil.
Colégio permite namorados andarem de mãos
dadas (Foto: Caio Kenji/G1)
Ana e Wagner concordam com as regras, não as consideram rígidas e não gostariam que fossem diferentes, mais liberais. Assim como os diretores e coordenadores do colégio, os pais dos adolescentes também pedem que eles sejam discretos no relacionamento.
“Os pais falam para a gente ter consciência, não nos beijar na frente das crianças e manter a discrição. Além do mais, escola é lugar de estudar, não de namorar”, diz Wagner, que ao pedir Ana em namoro já lhe deu uma aliança de compromisso.
Os dois se encontram antes do início das aulas e no intervalo. Aos sábados costumam assistir a filmes um na casa do outro ou ir ao cinema, acompanhados por amigos. Domingo é dia de estudar e os dois não se veem.
Depois do início do namoro, as notas de Ana Carolina melhoraram. Wagner, que quer estudar medicina, tira as dúvidas de biologia da namorada.
‘Tem de ser discreto’
Caio Vassari, de 18 anos, e Maria Rebesco, de 17, estão juntos há um ano e dois meses. Eles cursam o terceiro ano no Colégio Albert Sabin, em São Paulo, mas em salas distintas. “Foi bom cairmos em classes diferentes. Já nos encontramos todos os dias, estudar na mesma sala seria cansativo e desgastante”, diz Caio.
Caio Vassari e Maria Rebesco se conheceram no Colégio Albert Sabin (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Na escola, os dois almoçam juntos e andam de mãos dadas. O colégio também não permite beijos. “Tem de ser discreto, porque sempre tem alguém de olho. Acho a regra aceitável, porque se fosse liberado seria uma festa”, afirma Maria.
Florinda Manuchaguian, coordenadora pedagógica do Albert Sabin, diz que o papel do colégio é fazer o adolescente entender a diferença de comportamento e postura em locais públicos e privados. "A escola é pública, e não é um local propício para o namoro. As regras foram incorporadas por eles e dificilmente temos problemas."
Caio conta que todos os professores sabem do seu namoro, por isso de vez quando sempre escuta uma piadinha. “Todo mundo me fala: "como sua namorada é linda"!”, afirma, envergonhado. Os dois costumam estudar juntos e Caio melhorou muito o desempenho após o início do relacionamento. É conhecido pela direção da escola como Caio antes do namoro com a Maria, e Caio depois da Maria.
O próximo desafio do casal é se acostumar com a distância que virá no próximo ano, com a faculdade. Maria não sabe se vai estudar cinema ou história da arte. Caio quer economia. “Estamos nos acostumando com a ideia de nos separar. Criamos o hábito de nos ver todos os dias. No começo vai ser estranho”, desabafa Caio.
‘Vou estranhar ficar longe’
No começo do namoro, no ano passado, Lucas Kenji e Celina Harumi, ambos com 17 anos, estavam na mesma sala, no segundo ano do ensino médio no Albert Sabin. Lucas conta que, como é muito tímido, a convivência ajudou a aproximá-los. As classes foram separadas neste ano e eles não caíram na mesma turma. Celina diz que sente falta.
Ambos concordam com as regras do colégio que só permite que os casais andem de mãos dadas. Para eles, se a instituição fosse mais liberal, haveria problemas com excessos de alguns casais. Como moram longe um do outro, nas férias de julho estão fazendo planos para não ficarem tanto tempo sem se encontrar.
O problema será mesmo no ano que vem, quando os encontros passarão a ser menos frequentes, e não vão ocorrer no período das aulas. Lucas vai prestar vestibular para engenharia (ainda não decidiu qual) e Celina para arquitetura. “Vou estranhar ficar longe dela”, diz Lucas.
Comentários