Na semana em que os olhares do mundo voltam-se ao Rio de Janeiro (RJ), cidade sede da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), um outro evento pretende discutir em Cuiabá as formas sustentáveis de se produzir soja, principal componente da balança comercial brasileira. Especialistas de várias partes do mundo vão tratar da polêmica equação: crescer sem abrir novas áreas.
A meta é ampliar até o ano de 2022 a produção total da oleaginosa em 25,1%, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Somente na safra 2011/12 foram produzidos 75,3 milhões de toneladas em 24,2 milhões de hectares, de acordo com a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
"Estamos aumentando a produção e produtividade, mas não estamos desmatamento como muitos dizem", defende Erikson Chandoha, secretário de Desenvolvimento Agropecuário do Mapa. Nesta segunda-feira (11) ele abriu a programação científica do Congresso Brasileiro da Soja e apresentou a série sobre evolução histórica do Brasil e as projeções futuras para o agronegócio.
Para o representante do Ministério, o Brasil já demonstra ter uma produção sustentável. Na década de 60, quando no país a população atingia 70 milhões de habitantes, a produção de grãos girava em torno de 17 milhões de toneladas. Até os dias atuais, lembra o secretário, passou para mais de 160 milhões de toneladas, sustentado pela preservação do meio ambiente e a adoção cada vez mais frequente de tecnologias.
Em termos percentuais, cresceu a produção sem que novas áreas fossem ocupadas. Isto porque, explica Chandoha, o espaço reservado às culturas no país passou de 22 milhões de hectares para pouco mais de 51 milhões de hectares. "Meio Ambiente e sustentabilidade ainda são considerados os grandes desafios para que a produção de grãos se consolide no Brasil", defende o secretário do Ministério da Agricultura.
Para fomentar mais a produção de grãos é preciso aliar investimentos em infraestrutura, logística e difusão do conhecimento, lembra o representante. "Precisamos investir mais em tecnologia, inovação e pesquisa. Mas significa que tudo isso precisa ser transferido [até o agricultor]", lembra Erikson Chandoha.
A soja
O Brasil é atualmente o segundo maior produtor mundial do grão com 75,3 milhões de toneladas. No mundo são 264,7 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA - sigla em Inglês).
"O crescimento da soja impactou em um crescimento da economia. Contribuiu para o crescimento das cidades. Com a tecnologia, aumentamos sem elevar a área", lembra Ricardo Abdelnoor, presidente do Congresso Brasileiro de Soja.
Mato Grosso é atualmente o principal produtor nacional. São 20,4 milhões de toneladas, superior a estados como o Paraná, segundo colocado no ranking, e onde a cultura atingiu na safra passada 15,4 milhões de toneladas, segundo a Conab.
O Congresso
As discussões no Congresso Brasileiro de Soja vão até a quinta-feira (14) na capital mato-grossense. O tema da edição 2012 é Soja: fator de integração nacional e desenvolvimento sustentável. O congresso reúne produtores, técnicos, pesquisadores, estudantes, profissionais da área de várias regiões do Brasil e também de outros países.
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