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Polícia
Quarta - 13 de Junho de 2012 às 09:17
Por: KATIANA PEREIRA

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Katiana Pereira/MidiaNews
Promotor Antônio Sérgio Piedade e a juíza Monica Catarina Perri Siqueira conduzem tomada de depoimentos
Promotor Antônio Sérgio Piedade e a juíza Monica Catarina Perri Siqueira conduzem tomada de depoimentos

A estudante Pâmela Cristina Bastos, 18, que manteve um relacionamento com o jornalista Auro Ida por um período de quatro anos, afirmou, em depoimento, que o ex-namorado temia pela vida e constantemente recebia ameaças. O motivo das ameaças seria a sua atuação como jornalista político na Capital.

O depoimento foi prestado na tarde de terça-feira (12) à juíza Monica Catarina Perri Siqueira, titular da 12º Vara Criminal da Capital, em audiência de pronúncia e instrução dos três denunciados pela execução do jornalista, ocorrida no dia 21 de junho do ano passado, no bairro Jardim Fortaleza, na periferia de Cuiabá.

Pâmela foi arrolada ao processo juntamente com mais 27 testemunhas, de defesa e de acusação.

A jovem disse que, durante o relacionamento, Auro se queixava para ela sobre supostas perseguição e ameaças, que não tinham a ver com o seu envolvimento com outras mulheres, mas eram ligadas ao seu trabalho como jornalista.

“Ele dizia que era perseguido. Nunca revelou nomes, mas disse que havia ameaças também. Não era por causa de mulher, era pelo trabalho que ele fazia”, disse a estudante.

Era Auro Ida quem garantia o sustento da família de Pâmela. O casal havia rompido o relacionamento e ela ainda recebia benefícios financeiros do jornalista. Alimentação, contas de água, luz e até a vestimenta de seus pais e irmãos, segundo ela, eram bancados por Auro.


“Eu não tinha mais contato com ele. Mas, ele ligava pra minha mãe e perguntava se ela estava precisando de algo; aí, ele levava o dinheiro. Sempre nos demos muito bem”.

O atual namorado de Pâmela, Rafael Aparecido de Amorim Veiga, foi apontado como um dos suspeitos de ter executado o jornalista. Por ser menor  na época do crime, ele  responde por ato  infracional de homicídio  em um processo separado,  na Vara da Infância e  Juventude.

“Quando eu comecei a namorar o Rafael, tinha uns dois meses e pouco que havia terminado com o Auro. O Auro mesmo me falava que eu devia tocar a minha vida e que podia me envolver com outra pessoa. O Rafael teve ciúmes uma vez, porque eu encontrei o Auro, por acaso, na casa da Vânia [amiga do casal]. Mas, não fiquei lá, só disse oi e voltei pra casa”, afirmou, no depoimento.

Namorada muda depoimento

A jovem Bianca Naiara, que namorava Auro Ida quando ele foi assassinado, na porta da residência dela, no Jardim Fortaleza, mudou o seu depoimento e disse que não tem certeza se foi mesmo Evair Peres Madeira Arantes, o "Baby", de 19 anos, que atirou contra o jornalista.

Em depoimento na 12ª Vara Criminal da Capital, ela disse que se sentiu pressionada por policiais civis para revelar que era o matador.

“Eu me senti pressionada. Eles [delegados e investigadores] disseram que iam me envolver no caso de algum jeito, caso eu não revelasse o que eu sabia. Eles diziam que eu sabia quem que tinha atirado e que era melhor eu contar”, disse.

O promotor Antônio Sérgio Piedade foi quem realizou o interrogatório e perguntou para a Bianca por que ela manteve o mesmo depoimento no Ministério Público Estadual, apontado Baby como autor dos disparos.


Bianca reafirmou que sente dúvidas sobre a participação de Baby e admitiu que foi influenciada por comentário dos moradores do Jardim Florianópolis. “Todos falavam que era Baby quem tinha matado ele (sic), falavam que tinha sido a mando do Rubens”, disse a testemunha.

Rubens Alves de Lima, 39, é ex-marido de Bianca e foi apontado pela Polícia como o mandante do assassinato de Auro.


A estratégia de defesa de Rubens é alegar que houve “motivação política” no assassinato do jornalista e, com isso, tentar derrubar a tese de que o crime foi passional - já que Auro mantinha uma relação com a ex-namorada dele, Bianca Naiara.

Além do comerciante, Baby foi denunciado como pistoleiro, e Alessandro Silva da Paz, o Sandro, como intermediário. Um adolescente de 17 anos, acusado de ser também mandante, continua foragido.


O crime

O jornalista Auro Ida, um dos fundadores do site MidiaNews, foi assassinado com seis tiros pistola, na madrugada do dia 23 de julho de 2011. Ele foi alvejado com quatro tiros nas costas, um na nuca e um na boca.

Ele e sua namorada, Bianca Naiara, estavam em frente à casa dela, no carro do jornalista, por volta das 23 horas, numa rua escura do bairro Jardim Fortaleza.

Segundo Bianca, um rapaz apareceu de bicicleta e pediu para ela entrar na casa. Ela obedeceu e ouviu os tiros. Ao voltar, encontrou o namorado morto.

Um dos mais conhecidos jornalistas políticos de Mato Grosso, Auro Ida foi secretário municipal de Comunicação Social de Prefeitura de Cuiabá, na segunda gestão do prefeito Roberto França (DEM), e diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Cuiabá, na administração de Deucimar Silva (PP)

Formado pela Universidade Federal do Paraná, Auro estava trabalhando há 30 anos em Mato Grosso. Ele atuou em diversos veículos de Comunicação, entre jornais, sites e revistas.

 






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