“A família não tem razão para ter alguma suspeita sobre a paternidade. Ela respeita o sentimento do pai, que tinha a criança como filha”, afirmou nesta quinta-feira (14) o advogado Braz Martins Neto, que cuida dos interesses da família na área civil.
O advogado destaca, porém, que a família Matsunaga não se oporá ao exame caso a polícia ou o Ministério Público façam alguma solicitação. “Se o Ministério Público ou a polícia solicitarem o exame por entender que a criança pode não ser filha dele, a família não vai se opor. A iniciativa caberá à polícia ou ao MP.”
Nesta terça-feira, o advogado Luiz Flávio D"Urso, presidente licenciado da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) e contratado pela família para acompanhar o inquérito, havia dito que iria entrar com o pedido de exame de paternidade.
"Considerando que o caso trouxe uma série de surpresas desagradáveis, levando-se em conta a tragédia de um homicídio da forma que ocorreu, com um esquartejamento, como estamos dentro de uma situação bárbara sob todos os aspectos, creio que tudo o que diz respeito ao Marcos e à Elize merece ser investigado, inclusive a filha do casal", justificou D"Urso.
Neto afirmou que a criança permanece sob os cuidados de uma tia, no apartamento do casal. A família Matsunaga vai visitar a menina quando quer. A guarda da menina, ainda de acordo com o advogado, não é alvo de disputa. “A preocupação da família é que a criança esteja bem. A decisão sobre a guarda deve ser tomada em conjunto quando a família superar esse cenário de dor inicial”, declarou.
Braz Martins Neto explicou também que Elize não deve estar entre as herdeiras de Marcos Matsunaga. “Por força do dispositivo 1814 do Código Civil, Elize será excluída da sucessão”, afirmou.
O código prevê que o autor, co-autor ou partícipe de homicídio doloso não receberá herança. Segundo ele, a exclusão independe de uma solicitação da família. “Nesses casos, o Ministério Público deve fazer esse pedido em favor da filha do casal. Como se trata de um menor, os direitos não permitem nenhuma concessão”, disse.
Morte
O empresário foi morto com um tiro na cabeça e esquartejado com uma faca na noite de 19 de maio no apartamento do casal, na Zona Oeste da capital paulista.
No dia 27 do mês passado, pedaços do corpo foram encontrados em sacos plásticos em Cotia.
Elize foi presa no dia 5 de junho. O prazo da prisão temporária é de 15 dias. Ela confessou ter matado o marido e está detida na Cadeia Pública de uma delegacia em Itapevi, também na Grande São Paulo.
Para a Polícia Civil, após ouvir o depoimento de nove pessoas, a investigação concluiu que o crime foi passional e não premeditado.
Elize contratou um detetive particular que flagrou Marcos traindo a mulher com uma garota de programa, função que a indiciada também exercia até conhecer o executivo.
Em seu interrogatório no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), a viúva disse que discutiu com Marcos ao descobrir a traição e que só atirou com uma pistola após ter sido ofendida e agredida por ele. Ela levou cerca de quatro horas para desmembrar o corpo e colocar em três malas. A faca e as malas ainda não foram encontradas. A arma passa por perícia.
Elize foi indiciada (responsabilizada formalmente pelo crime) por homicídio duplamente qualificado, por motivo cruel e fútil, e ocultação de cadáver.
O inquérito foi concluído e enviado à Justiça nesta quinta-feira (14). No documento, a polícia pede a prisão preventiva de Elize, ou que ela fique presa até o julgamento.
O laudo dos peritos aponta uma versão diferente do crime: no momento do tiro, Marcos estava abaixado. Elize estava de pé quando atirou, de cima para baixo e à queima roupa. Os vestígios de pólvora no rosto da vítima, vindos da arma, indicam que a distância era curta.
O laudo indica que Marcos Matsunaga morreu por choque traumático, causado pela bala, e asfixia respiratória por sangue aspirado devido à decapitação. Para o advogado Luiz Flávio D"Urso, que representa a família Matsunaga, o crime foi premeditado e o documento desmente a versão de Elize, que disse ter esquartejado o marido dez horas depois da morte.
"O que leva à conclusão de que estamos diante de disparo de arma de fogo que não o matou e que, posteriormente, segundo o laudo, em razão de ele ter tido o pescoço cortado ainda vivo, se asfixiou com o sangue decorrente desta degola", disse D"Urso.
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