O Egito vai às urnas neste sábado (16) e domingo (17) em clima de incerteza, após a invalidação das eleições legislativas vencidas pelos islamitas, cujo candidato enfrenta no segundo turno da eleição presidencial uma figura do antigo regime de Hosni Mubarak. O primeiro turno ocorreu no final de maio.
A decisão da Corte Constitucional de invalidar os resultados das eleições legislativas por uma brecha na lei eleitoral foi descrita pelos islamitas e por forças políticas do movimento revolucionário como um verdadeiro "golpe de Estado" orquestrado pelos militares no poder.
A anulação da Assembleia pode realmente permitir que o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) assuma o Legislativo, como foi o caso no período entre a queda de Mubarak, em fevereiro de 2011, e a primeira sessão do novo Parlamento, um ano depois.
O candidato à presidência da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, anunciou que respeitava a decisão da Corte, que também derrubou uma lei que privava os pilares do antigo regime dos seus direitos civis, permitindo que Ahmed Shafiq, o último primeiro-ministro de Mubarak, permanecesse na corrida presidencial.
"O povo egípcio que elegeu em liberdade e transparência seus representantes é capaz de reeleger outros que irão proteger as conquistas da revolução que certas pessoas querem confiscar", declarou o presidente da Assembleia do Povo, o islamita Saad Ketatni.
Manifestantes protestam contra a junta militar que governa o Egito, nesta sexta-feira (15), na Praça Tahrir, no Cairo (Foto: AP)
O povo está determinado a proteger sua revolução dos corruptos do antigo regime", acrescentou Mursi durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.
Shafiq, que ficou em segundo lugar no primeiro turno em maio, depois de uma campanha focada no tema da restauração da segurança, intensificou nos últimos dias as promessas de "reconstruir um Estado e uma economia modernas", "lançar grandes projetos para reduzir o desemprego" e "garantir as liberdades individuais e de imprensa".
Os críticos de Shafiq, um general da reserva, consideram-no o candidato dos militares.
De acordo com a lei eleitoral, os dois candidatos do segundo turno são obrigados a permanecer em silêncio a partir do meio-dia desta sexta-feira.
Para incentivar os cerca de 50 milhões de eleitores para ir às urnas, as autoridades declararam sábado e domingo dias feriados.
E o ministério do Interior anunciou um forte esquema de segurança para evitar possíveis problemas.
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