O prazo da prisão temporária de Elize termina na próxima quinta-feira, dia 21. Mas o Ministério Público vai pedir a detenção preventiva. Se a Justiça aceitar, Elize pode ficar presa até o julgamento. Para o promotor José Carlos Consenzo, ela cometeu o crime porque quis se vingar das traições do marido e da forma como foi tratada por Marcos Matsunaga.
"Não é um crime passional, em hipótese alguma. Claramente [foi um crime] de vingança, com motivação torpe", afirma Consenzo. O promotor passou o fim de semana estudando o inquérito policial para determinar que tipos de crimes podem ser enquadrados no caso Elize.
Consenzo concluiu que vai acusá-la por homicídio triplamente qualificado, com motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa para a vítima. Para ele, a pena "não pode ser pequena".
"A pena que eu vou buscar para ela [Elize] é uma que realmente seja digna do status do crime que ela cometeu, no mínimo uns 25 anos", diz Consenzo.
Para o promotor, a principal prova de que Elize agiu por vingança são os resultados dos exames dos legistas no corpo do executivo. A confissão de Elize contradiz o laudo do Instituto Médico Legal (IML) em dois pontos: a posição de Marcos no momento do tiro e o instante do esquartejamento.
Elize contou que estava sentada quando começou a discutir com o marido, e que os dois se levantaram. Marcos teria humilhado a mulher e dado um tapa no rosto dela. Após isso, Elize pegou a arma e atirou, segundo sua versão.
Mas o médico-legista Jorge Pereira de Oliveira, que analisou o corpo do diretor-executivo da Yoki, concluiu que Marcos levou um tiro de cima para baixo. Pela trajetória da bala, é pouco provável que a vítima estivesse de pé, aponta o laudo do médico.
"É mais provável que ele [Marcos] estivesse sentado, ou ajoelhado, ou deitado, partindo do princípio que ela [Elize] é mais baixa do que a vítima", afirma Henrique Carvano Soares, professor de medicina legal da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de SP (Unifesp).
O tiro, ainda segundo o laudo, provocou queimadura no rosto de Marcos, o que significa que foi à queima-roupa, a menos de 12 centímetros de distância.
Para o advogado da família do diretor-executivo da Yoki, Luiz Flávio Borges D"Urso, a proximidade da arma e a direção do tiro mostram que Elize pegou o marido de surpresa, e não em uma discussão.
"A violenta emoção, na minha opinião, está completamente descartada. Ela busca esta arma, ela o surpreende. Ele era faixa-preta em luta marcial, de compleição física maior do que ela. Ela é fraca, menor que ele, se ele quisesse poderia tentar desarmá-la. E ele não fez nada disso", disse D"Urso.
Esquartejamento
A cotnradição a respeito do esquartejamento ainda não está esclarecida. Elize contou que, após ver o marido morto, arrastou o corpo até o quarto de hóspedes e esperou por cerca de dez horas antes de começar a cortá-lo. No entanto, segundo o legista, Marcos estava com vida quando Elize principiou a esquartejá-lo.
Havia sangue no pulmão do executivo, o que só ocorreria se ele estivesse vivo, de acordo com o legista. "A entrada de sangue em vias aéreas é movimento ativo, quer dizer que ele tem que estar respirando", afirmou Oliveira.
A morte foi causada por traumatismo na cabeça causado pela bala, associado ao sufocamento por sangue devido à decapitação, afirma o laudo do corpo emitido pelo legista.
Elize discordou do laudo e reiterou sua versão sobre os fatos, afirma o advogado dela. "A gente não deve fazer a análise do conjunto baseado em apenas um único laudo. Ao lado desse eu preciso de outros, como exame do local e reprodução simulada", afirmou Santoro.
Ainda faltam duas provas técnicas: a análise do local do crime e a reconstituição do que aconteceu dentro do apartamento do casal. A defesa e a acusação já estão preparando as estratégias para um futuro julgamento.
O ponto central dos debates jurídicos deverá ser se Elize Matsunaga planejou friamente a morte do marido ou se agiu por forte emoção.
O poder de convencimento das partes vai determinar o tamanho da pena que a suspeita pode pegar pelo crime. A previsão é de uma sentença provável de seis a trinta anos de prisão, caso seja condenada.
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