Com 95% de desmatamento, Goiás tem maior perda de Mata Atlântica
Os biomas extra-amazônicos já tiveram a maior parte de suas áreas desmatadas, indica levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A situação mais grave é da Mata Atlântica, que perdeu 88% de suas florestas nativas até 2010. Goiás apresenta a maior taxa de perdas da Mata Atlântica. Do total do estado coberto por vegetação deste bioma, 95% já foram desmatados. Santa Catarina tem a menor proporção, com 77% da área devastada. Os dados constam dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012 (IDS), divulgados nesta segunda-feira pelo órgão de pesquisas.
Originalmente, a Mata Atlântica, que se estende por 16 estados, tinha área superior a 1 milhão de quilômetros quadrados. As vegetações costeiras (restingas e manguezais) da Mata Atlântica foram bastante afetadas. Segundo o IBGE, suas áreas somadas correspondem, atualmente, a apenas 0,6% da área total original.
O Pampa, único bioma contido em apenas um estado, o Rio Grande do Sul, teve, até 2009, 54% de sua cobertura vegetal desmatada. A área do Pampa representa 63% do total do Rio Grande do Sul.
A Caatinga também perdeu, até 2009, 54% de sua área coberta com vegetais. Dos dez estados que contam com esse tipo de vegetação, Alagoas é que apresenta o maior nível de perdas, com aproximadamente 82% da área de Caatinga desmatada. Sergipe vem um pouco abaixo, com pouco mais de 60% de área devastada. O Piauí é o estado menos desmatado no que se refere à Caatinga, com 31% da área total original perdida.
O Cerrado já teve 49% de sua área original desmatada. Dos 12 estados que contam com esse bioma, São Paulo é o que apresenta maior proporção de perdas, com 90% da área original de Cerrado já devastada. No Mato Grosso, essa proporção é de cerca de 80%. Rondônia, por outro lado, apresenta apenas 3% de sua área de Cerrado perdida.
O Pantanal é o bioma extra-amazônico mais preservado, segundo dados do IBGE com base em pesquisas de monitoramento do Ibama. Da área original, 15,4% foram desmatados. No Mato Grosso, 18,8% de matas pantaneiras foram perdidas. Já no Mato Grosso do Sul, essa proporção é de 13,1%.
Fauna e Flora ameaçadas de extinção
O desmatamento nessas áreas contribuem diretamente para o aumento da lista de espécies em extinção, avalia a coordenadora técnica e de planejamento da pesquisa, Denise Kronemberger.
"Em algumas ocasiões, não quer dizer necessariamente que o animal está extinto. A fauna está onde há alimento. Se há uma alteração muito grande no habitat, o animal se desloca", afirma.
Levantamento do Ministério do Meio Ambiente atualizado em 2005 aponta que há 627 espécies da fauna brasileira consideradas em extinção. Desse total, metade está na categoria vulnerável, com risco de sumir no médio prazo. Dominam a lista aves (160), peixes de água doce (142) e insetos (96).
Já a lista oficial da flora, atualizada em 2008, mostra 1.550 espécies ameaçadas de extinção. A Mata Atlântica concentra o maior número de espécies ameaçadas em extinção (275), seguida pelo Cerrado (131) e Caatinga (46).
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
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