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Política
Terça - 19 de Junho de 2012 às 23:39

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A Justiça de São Paulo recebeu nesta terça-feira (19), um mês após o crime, a denúncia do Ministério Público contra a bacharel em direito Elize Araújo Kitano Matsunaga, de 30 anos, pelo assassinato do marido dela, o diretor-executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 41. O juiz Adilson Paukoski Simoni também aceitou o pedido do promotor José Carlos Cosenzo e converteu a prisão temporária da mulher em preventiva, para que ela fique presa até um eventual julgamento.

Procurada, a defesa de Elize não retornou as ligações do G1 até a publicação desta reportagem.

A prisão determinada pelo juiz da 5ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, teve como base os artigos 312 (quando há prova da existência do crime e indício suficiente de autoria) e 313 (crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos) do Código de Processo Penal.

“Fiquei muito satisfeito. Foram quatro dias de trabalho, terminei essa denúncia hoje [terça-feira] às 6h30 e o juiz a aceitou na integralidade. Agora ela é ré no processo e deverá ser citada”, disse o promotor. Ele arrolou oito testemunhas do Ministério Público mais três testemunhas do júri, que deverão ser ouvidas na audiência de instrução, sem data ainda. Nessa fase, deve ser esclarecida, entre outras dúvidas, se Elize contou com a participação de alguém, mas o promotor acredita que a ré tenha agido sozinha.

A bacharel está presa temporariamente desde o dia 5 de junho na Cadeia Pública de Itapevi, na Grande São Paulo. O prazo da temporária dela expirava nesta quinta-feira (21). Ela confessou ter atirado e esquartejado o empresário no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo, onde ela morava com a vítima e a filha deles, no dia 19 de maio. Em seguida, colocou partes do corpo em sacos plásticos e os jogou em Cotia, na Grande São Paulo.

Motivações
O promotor disse na tarde desta terça-feira (19) que a morte de Marcos Matsunaga teve duas motivações: dinheiro e o medo da perda do casamento. Elize Matsunaga confessou o assassinato do marido. "Ela estava assistindo a um filme da qual já foi protagonista", disse o promotor sobre a traição que teria gerado a briga entre o casal.

O Ministério Público Estadual de São Paulo denunciou Elize por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel, e ocultação de cadáver. Junto com a denúncia, o promotor pediu a conversão da prisão temporária de Elize em preventiva, o que foi concedido pela Justiça.

Uma das motivações do crime seria financeira, porque Elize era beneficiaria única de um seguro de vida de Marcos, no valor de R$ 600 mil, segundo o promotor. "Ela cometeu o crime visando não perder o status financeiro, porque era casada em comunhão parcial de bens", disse. Cosenzo afirmou que o seguro não era recente, mas ele não soube precisar a data que foi feito.

Para a Promotoria, o crime foi premeditado, movido por vingança, e não passional, após uma discussão por ciúmes, como Elize demonstrou em sua confissão à Polícia Civil. O promotor diz que a mulher passou a noite “se dedicando ao esquartejamento”, o que dá certeza do motivo torpe e do planejamento do crime. "Nunca vi fato dessa natureza", disse o promotor sobre crueldade da destruição do cadáver. "Esse crime é hediondo. É frio e repugnante."

Denúncia
A denúncia da Promotoria e os quatro volumes do processo, com mais de 600 folhas, foram analisados pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.

Na denúncia que foi encaminhada à Justiça, o promotor alegou que Elize planejou o assassinato de Marcos após um detetive particular contratado por ela descobrir que o seu marido a traía com uma garota de programa - mesma função que a acusada exercia quando conheceu o executivo.

“É crime premeditado e não passional. Elize e Marcos começaram a brigar antes dela ficar grávida. Quando descobriu uma das traições, eles brigaram e ela descobriu que estava grávida. Nos últimos seis meses eles não dormiam mais no mesmo quarto. Ela contratou um detetive que filmou o marido dela com uma amante. Aí ela começou a armar o crime por vingança. No dia 19, Marcos foi morto momentos depois de buscar uma pizza na portaria do prédio do casal. Ele entrou no apartamento e foi baleado por Elize”, disse Cosenzo.

De acordo com o promotor, ela responde por um homicídio com três qualificadoras.
“O motivo torpe foi a vingança de Elize contra Marcos. O recurso que impossibilitou a defesa da vítima foi o fato de Marcos ter saído para comprar pizza e ter sido baleado de surpresa quando voltava ao apartamento. Já o meio cruel foi o fato de a perícia ter constatado que Elize usou uma faca para cortar o pescoço do seu marido quando ele caiu ainda com vida no chão após ser atingido por um tiro na cabeça. O laudo mostrou que a causa da morte foi a combinação do traumatismo craniano por causa do disparo associado a asfixia decorrente da entrada de sangue pela decapitação. Em outras palavras, ela foi cruel ao balear o executivo e ainda decapitá-lo vivo”.

 

Premeditação
A premeditação do crime sustentada pela Promotoria pode ser evidenciada pelas provas colhidas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) durante a fase de investigação, segundo Cosenzo.

“No dia seguinte à morte de Marcos, quando a família dele chegou a dar queixa do seu sumiço, Elize foi buscar as imagens da traição do marido com o detetive. Ela pegou as imagens e as levou para os parentes dele e disse que esse era o motivo do empresário ter fugido de casa. Ela ainda pegou a senha dele no computador pessoal do executivo e passou e-mails para a empresa e família dele como se fosse o próprio Marcos. ‘Fale para mamãe e Elize ficar tranquila, que estou bem’, dizia uma das mensagens postadas pela própria Elize. Depois, ela destruiu o notebook e colocou em lixeira de shopping”, disse o promotor.

Segundo Cosenzo, outra prova que demonstra a premeditação é o laudo da perícia sobre a trajetória da bala que atingiu a cabeça de Marcos. O resultado diz que o tiro foi disparado de cima para baixo a menos de 20 centímetros de distância. “Foi à queima-roupa, sem chance de defesa para Marcos”, concluiu o promotor.

Pistola e exame toxicológico
Essa comprovação, segundo a acusação, compromete a versão da defesa de Elize, que falou que atirou no empresário após ter sido agredida por ele com um tapa no rosto quando os dois discutiam. Ela relatou que havia revelado ao marido que havia descoberto a traição dele.

Os advogados de Elize chegaram a afirmar à imprensa que sua cliente jamais planejou o crime e que atirou por impulso.

De acordo com o promotor, a Polícia Técnico-Científica de São Paulo informou que resultado do exame de balística deu negativo para a pistola analisada. A arma, que segundo a bacharel foi a usada para atirar em Marcos, teve o cano trocado.

“O cano que está atualmente na arma não foi o mesmo por onde saiu o disparo. Ele foi trocado. O cano verdadeiro, que pode ter sido até um silenciador, ainda não foi encontrado e é procurado”, disse Cosenzo.

No dia 4 de junho, horas antes de ter sido presa pela polícia, Elize chegou a levar três armas para a Guarda Civil Metropolitana para que fossem doadas para a campanha do desarmamento. Elas foram recuperadas pela investigação.

Outra questão que ainda está sem resposta, segundo o promotor, é saber quem é o policial militar rodoviário do interior de Sãp Paulo que não apreendeu o carro que Elize usou para levar partes do corpo do marido quando deixou o apartamento do casal, na capital.

“É preciso saber se esse policial recebeu algo ou entender por que ele não recolheu um veículo que estava com o licenciamento vencido. Elize recebeu apenas uma multa e os policiais nem chegaram a vistoriar o carro onde estavam os pedaços da vítima”, disse Cosenzo.





Fonte: Do G1 SP

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