Ministro: segurança para os brasiguaios está garantida
Sob tensão provocada pelas críticas do Brasil à destituição do presidente Fernando Lugo, o novo governo do Paraguai intensifica as negociações para dar garantias de segurança aos brasiguaios (agricultores brasileiros que moram em território paraguaio). O novo ministro do Interior, Carmelo Caballero, responsável pela condução da política interna no país, disse que a questão é uma das prioridades do presidente Federico Franco.
"O que vocês chamam de brasiguaios merece todo o nosso respeito. Vamos conversar muito e analisar essa situação", disse Caballero. "A segurança deles está não só garantida por palavras, mas por ações. Estamos retomando o controle da ordem interna para reduzir as ameaças de insegurança."
Os brasiguaios, que vivem na sua maioria na região de fronteira do Brasil com o Paraguai, queixam-se da falta de apoio das autoridades paraguaias. Os agricultores contam que, em geral, são ameaçados por carperos (sem-terra paraguaios) e sofrem discriminação porque não são considerados paraguaios. Muitos estão no país há mais de duas décadas e tiveram filhos, que nasceram no território paraguaio.
O novo presidente Federico Franco chamou ontem os brasiguaios de "cidadãos paraguaios", na tentativa de desfazer o desconforto. O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, José Félix Fernández Estigarribia, também prometeu dar atenção ao tema. No entanto, ele lembrou que a questão agrária no Paraguai é delicada.
No país vizinho, agricultores chamados de campesinos têm força política, depois que passaram a se organizar em entidades específicas, e conquistaram espaço político. Lugo foi um dos defensores do fortalecimento desses grupos. Paradoxalmente, um conflito no campo entre agricultores e agentes da polícia agravou a situação política de Lugo motivando seu impeachment.
Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.
A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.
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