O prefeito do município de Mamborê (PR), Ricardo Ramdomski, e a primeira-dama e secretária de Assistência Social da cidade, Elizabeth Ramdomski, estão sendo investigados pelo Ministério Público (MP) pelo uso indevido de carro oficial para deslocamento até fronteira com o Paraguai. Além de ser secretária municipal, Elizabeth acumula o cargo de coordenadora de cursos de mestrado e doutorado na Universidade Politécnica e Artística do Paraguai (UPAP), localizada no país vizinho.
De acordo com inquérito civil aberto pelo MP-PR há um ano, a primeira-dama teria utilizado dezenas de vezes, nos últimos dois anos, o veículo Corolla, placas ARF 1170, pertencente à prefeitura e colocado à disposição do gabinete do prefeito, para se deslocar até Foz do Iguaçu e, provavelmente, até Ciudad del Este, no Paraguai. Mamborê está localizada no centro-oeste do Estado, a 482 km de Curitiba e a 286 km de Foz do Iguaçu.
Imagens do veículo oficial da prefeitura foram captadas por diversas vezes transitando na região de fronteira. Na aduana localizada no acesso da Ponte da Amizade, o carro passou por três vezes nos meses de maio, junho e setembro do ano passado em direção ao território paraguaio, de acordo com fotos registradas pelo sistema de monitoramento da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No posto da PRF em Santa Terezinha do Itaipu, a 28 km de Foz do Iguaçu, imagens do veículo oficial foram gravadas em dezenas de ocasiões. Elas foram cedidas pela PRF atendendo a solicitações do MP e do presidente da Câmara de Vereadores de Mamborê, Dirlei Martins Pereira.
No relatório entregue pela PRF, os registros indicam que, em várias ocasiões, o veículo oficial passou e retornou da região de fronteira em curto período de tempo. No dia 10 de junho do ano passado, por exemplo, a passagem do veículo em direção à Foz do Iguaçu é registrada às 22h37 no posto da PRF de Santa Terezinha do Itaipu. Após 36 minutos, o carro é fotografado, no mesmo local, em direção à Cascavel. O trajeto faz parte do percurso de Mamborê à Foz.
Dois dias depois, novamente o Corolla passa pelo local em direção à Foz e retorna 35 minutos depois. Imagens do carro da prefeitura também foram registradas na Ponte da Amizade nos meses de maio, junho e setembro de 2011. No local, não há retorno e o trânsito segue em direção a Ciudad del Este.
De acordo com o presidente da Câmara de Mamborê, Dirlei Martins Pereira, o carro oficial teria sido utilizado para deixar a primeira-dama em um hotel de quatro estrelas, próximo à Ponte da Amizade. Ele apresentou vários recortes de jornais paraguaios registrando a presença de Elizabeth naquele país nos mesmo dias da passagem do carro da prefeitura. Pereira vai pedir a formação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) no Legislativo, mas não acredita que seja aprovada. "O prefeito tem a maioria", disse ele.
O promotor do Patrimônio Público de Mamborê afirmou que o prefeito e a primeira dama já foram ouvidos no inquérito e que não conseguiram explicar com documentos as constantes viagens do carro com destino à Foz do Iguaçu. Segundo ele, o MP também estuda denunciar Elizabeth por não exercer a dedicação exclusiva obrigatória para cargos públicos.
Sem controle
O prefeito Ramdomski e sua mulher, Elizabeth, negaram o uso do carro oficial para viagens particulares. O prefeito afirmou que o veículo é deslocado constantemente para Foz do Iguaçu para atender interesses da prefeitura. No entanto, ele disse que não há controle na prefeitura sobre o uso do carro oficial. "O carro atende o gabinete do prefeito", justificou.
Elizabeth disse que as denúncias têm o objetivo de prejudicar a imagem de seu marido, que será candidato à reeleição. Ela admitiu que trabalha para a UPAP, mas negou o uso do carro. Segundo a versão da primeira-dama, as viagens que faz ao Paraguai são realizadas em ônibus convencional. Elizabeth, porém, disse que não tem registros de compras das passagens. "Eu compro no guichê da rodoviária aqui de Mamborê e não guardo os comprovantes após as viagens", disse ela.
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