Trabalhadores reclamam de jornada de trabalho excessiva, em plantas no Estado
Sindicato acusa Grupo Friboi de "quebrar" frigoríficos em MT
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Carnes e Laticínios (Sintracal) decidiu encaminhar uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições de trabalho, consideradas péssimas, a que são submetidos os cerca de três mil funcionários de frigoríficos da localidade Portal do Amazônia, na região Norte do Estado de Mato Grosso.
A região abrange 16 municípios - entre eles, Alta Floresta, Matupá, Colíder, Nova Monte Verde e Guarantã do Norte. Representantes do sindicato vêm a Cuiabá na quinta-feira (28), para formalizar a denúncia junto ao MPT.
De acordo com o sindicato, em cada um dos nove frigoríficos, cerca de 800 cabeças são abatidas diariamente.
Entre estes, pelo menos um já foi adquirido e três arrendados pelo grupo multinacional JBS/Friboi. A entidade alega que o Grupo JBS tem agido de forma "predatória", provocando a quebra de frigoríficos de menor porte.
Condições insalubres
O Sintracal denuncia que a expansão do Grupo JBS piorou as relações de trabalho na região.
O sindicato citou o exemplo de um frigorífico comprado pelo Grupo JBS. De acordo com a denúncia, a multinacional paralisou a instalação de bebedouro na área de abate, que havia sido iniciada pelo proprietário anterior. Com isso os funcionários só podem tomar água uma vez por dia.
Política machista
O sindicato também reclama da "política machista" da empresa, onde as mulheres, que representam cerca de 70% da mão de obra em frigoríficos no Estado, têm salários inferiores aos dos homens exercendo a mesma função.
“O salário obedece a uma classificação que vai de C até A, mas não se sabe ao certo quais são os critérios. Até hoje, nenhuma mulher chegou ao patamar máximo, nem foi contemplada com algum prêmio por produção, ainda que haja muitas que mereçam isso”, explicou o presidente do Sintracal, Luiz Cardozo.
Monopólio
Os sindicalistas temem que a expansão da JBS leve ao monopólio da comercialização da carne, o que traria prejuízo para pecuaristas, trabalhadores, consumidores e para a economia do Estado.
“Eles querem o lucro em cima da desgraça do pecuarista e do suor do trabalhador. Estão preocupados é com o consumo externo, e não com quem ganha R$ 622 de salário”, disse o secretário-geral da entidade, César Rolim.
Segundo ele, a JBS também vem descumprindo um acordo assinado em 2007, no qual se comprometeu a não comprar gado de fazendas onde havia prática de trabalho escravo.
“Eles ainda manipulam, cerceiam informações, pressionam trabalhadores para que não participem do sindicato, não se informem”, completou Rolim.
Outro lado
Procurado pela reportagem do MidiaNews o Grupo JBS, com sede em São Paulo, por meio de assessoria de imprensa, disse que as denúncias feitas pelo sindicato são inverídicas.
A empresa aguarda ser notificada oficialmente para avaliar as medidas que irão tomar.
Delta e Rede Cemat
Em seu site, a JBS se apresenta como "a maior empresa em processamento de proteína animal do mundo, atuando nas áreas de alimentos, couro, biodiesel, colágeno e latas".
A companhia está presente em todos os continentes, com plataformas de produção e escritórios no Brasil, Argentina, Itália, Austrália, EUA, Uruguai, Paraguai, México, China, Rússia, entre outros países.
Com acesso a 100% dos mercados consumidores, a JBS possui 140 unidades de produção no mundo e mais de 120 mil colaboradores.
Em Mato Grosso, a empresa tem plantas frigoríficas em vários municípios.
Recentemente, o grupo ganhou destaque ao revelar interesse na compra a construtora Delta, suspeita de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O negócio não foi concretizado.
Também foi citado como interessado na compra da Rede Cemat. (Leia mais AQUI).
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