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Política
Quinta - 28 de Junho de 2012 às 01:22

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A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira pedido da empresa Data Traffic para impedir quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico determinada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. A empresa é alvo de investigações por supostas ligações com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, cujas relações são apuradas pela CPI.

A ministra entendeu que, ao contrário do que sustenta a empresa, o requerimento de quebra de sigilo faz menção a uma série de indícios que precisam ser apurados pela comissão. A ministra também negou pedido que pretendia diminuir o tempo de quebra de sigilo, fixado em 10 anos. Segundo a relatora, as informações da CPI indicam que o suposto grupo comandado por Carlinhos Cachoeira atua há mais de 17 anos, o que justifica o período de apuração.

A Data Traffic tem como um dos sócios o irmão do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que trabalha na defesa de Demóstenes Torres (sem partigo-GO) e do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), na CPI. Segundo a Polícia Federal, representantes da empresa se reuniram com integrantes da organização criminosa de Cachoeira.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.






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