PF investiga propina via vereador para regularizar lotes do Incra

A Polícia Federal (PF) de Sinop investiga denúncia encaminhada pelo Ministério Público Federal (MPF), de um esquema de cobrança de propina para regularização de lotes do assentamento Gleba Mercedes 5, no Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O fato chegou ao conhecimento do MPF por meio de um agricultor que reside na área desde 1998. Segundo ele, o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sinop, atual vereador Jonas Henrique de Lima (PMDB), estaria cobrando R$ 3 mil de cada parceleiro para conseguir a documentação da terra junto ao Incra.

O dinheiro seria pago em três parcelas. Conforme o denunciante, a primeira, de R$ 750, fora paga ao então secretário do Sindicato Gastão Casussos Vasconcelos, mais R$ 1.5 mil depositado na conta de um suposto servidor do Incra em Cuiabá, de nome Luis Eduardo Pedroso, e a terceira, de R$ 750, também deveria ser depositada em uma conta bancária.

O agricultor relata ainda que mais de 50 parceleiros da Gleba Mercedes 5 teriam pago os R$ 3 mil cada um para tentar conseguir a regularização de suas terras.

A denúncia também atesta que o vereador Jonas de Lima possui vários lotes de 70 a 90 hectares dentro da Gleba, que foram sendo comprados em nome de terceiros, descaracterizando o modelo de reforma agrária – em que cada pessoa pode ter apenas um lote e doado pelo Incra.

Outro lado

A reportagem tentou vários contatos com o vereador Jonas de Lima, mas a chamada para o telefone celular caíram na caixa de mensagens.

O assentamento

Criado em 1997 e com uma área de aproximadamente 38 mil hectares, o Projeto de Assentamento Weslei Manoel dos Santos - a Gleba Mercedes - é fonte de sustento para cerca de 500 famílias que sobrevivem economicamente da agricultura familiar. Para subsistência, trabalham na produção de mandioca, milho, pecuária leiteira, criação de galinhas, caprinos, frutas e hortaliças, tudo em pequena escala para consumo próprio ou venda em feiras de Sinop.