País que durante décadas foi sinônimo de fraude eleitoral, o México está agora mais preparado para garantir a lisura do pleito presidencial de domingo, segundo especialistas, mas os eleitores ainda têm sérias dúvidas.
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O Instituto Federal Eleitoral (IFE) irá supervisionar a eleição de domingo, na qual o favorito pertence ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que se manteve no poder entre 1929 e 2000 em grande parte graças às fraudes nas urnas.
O IFE, que é independente do governo, surgiu após um escândalo na eleição de 1988 e tem conselheiros nomeados por todos os partidos. Para fiscalizar a votação de domingo, ele terá à disposição 696 observadores de 69 países -será a eleição mais monitorada na história mexicana, diz o órgão.
"O IFE é hoje provavelmente o órgão eleitoral mais profissional do mundo todo", disse o cientista político Jeffrey Weldon, da universidade local ITAM.
Muitos mexicanos, porém, não compartilham dessa opinião. Segundo pesquisa feita nesta semana pelo instituto Consulta Mitofsky, apenas 30 por cento dos eleitores têm confiança elevada no IFE.
Em vez das fraudes escancaradas do século passado, os mexicanos temem principalmente manipulações sutis, como a compra de votos ou a falta de imparcialidade da imprensa.
Segundo todas as pesquisas, o vencedor da eleição presidencial será Enrique Peña Nieto, que, aos 45 anos, pertence a uma nova geração do centrista PRI. Estarão em jogo no domingo também seis governos estaduais e todo o Congresso (500 deputados e 128 senadores).
Esta será também a primeira eleição presidencial no México desde os enormes protestos comandados em 2006 pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que na época não reconheceu a apertada vitória do seu rival conservador Felipe Calderón e mobilizou multidões que paralisaram parcialmente a capital durante várias semanas. O PAN, partido de Calderón, não tem chances de manter o poder neste ano, segundo as pesquisas.
López Obrador é novamente candidato e já alertou os eleitores de que o PRI está resgatando sua tradição de distribuir dinheiro em troca de votos.
O PRD, partido dele, acusou o PRI de distribuir cartões de débito pré-pagos no valor total de 70 milhões de pesos (5,21 milhões de dólares) para comprar a lealdade de eleitores pobres. O PRI qualificou essas acusações de "falsas e absurdas".
Muitos mexicanos que se lembram negativamente dos transtornos de 2006 temem que AMLO, como é conhecido o candidato da esquerda, queira repetir os protestos.
Tanto o PRI quanto a coligação de esquerda pretendem mobilizar fiscais em mais de 96 por cento das 143 mil seções eleitorais do país. As cédulas são numeradas e difíceis de falsificar, e os eleitores têm o polegar manchado com tinta indelével depois de votarem, para que não possam repetir o voto.
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