Número de investidores no mercado de ações cai 11% em MT
A participação dos investidores pessoa física de Mato Grosso no mercado de ações reduziu 11,57% em maio deste ano, totalizando 3,513 mil contas, em comparação com igual mês de 2011, quando chegou a 3,973 mil. Atualmente os mato-grossenses mantêm aplicados R$ 440 milhões em ações. Para aumentar o número de aplicações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a instituição aposta na popularização, facilitando a compreensão do ambiente da Bolsa por meio de programas educacionais, incluindo o pequeno investidor.
Professor da Bovespa, Antônio Carlos Netto Filho explica que, ao longo do tempo, têm sido ofertados cursos, palestras e informações por meio da internet para tornar o grande público mais próximo da Bolsa. "Com isso conseguimos um acréscimo significativo no número de investidores". Entre 2002 e 2011, o incremento foi de 797% apenas com as aplicações de pessoas físicas. No período, o número saltou de 64,999 mil contas para 583,202 mil no final do ano passado. "Essa evolução nos CPFs tem a ver com esse trabalho, estamos dizendo que não é complicado investir, não precisa ser especializado nem ter muito dinheiro".
Na avaliação de Netto Filho, o ideal é que o investidor iniciante e que dispõe de pouco recurso financeiro aplique pelo menos R$ 5 mil para compensar os custos com a operação como a cobrança mensal de custódia pela Bolsa e porcentagem pelas corretoras, além de emolumentos e outras taxas. Caso o investidor não possa dispor desse valor mas quer entender melhor como funciona o mercado de ações, a Bolsa mantém simuladores que refletem o ambiente real de negociações de valores. "A pessoa recebe um dinheiro virtual e começa a experimentar como investir e pode ir treinando". Assim, o investidor poderá compreender qual é o seu perfil, avaliar melhor a escolha da corretora pa- ra que possa entrar na Bolsa de forma educada e evitar frustrações.
Consultor da Vestra Investimentos, Luiz Augusto Alves Corrêa recomenda aos pequenos investidores buscarem os fundos de ações pela facilidade de acom panhamento e menor custo, ideal para quem dispõe de menos de R$ 10 mil. "Investir diretamente em ações exige um pouco de conhecimento e também disponibilidade de tempo para acompanhar o mercado". Explica que mesmo no caso do agente de investimentos repassar recomendações, informações e análises sobre o mercado acionário, caberá ao investidor a tomada de decisões. "Há alguns clientes que possuem pouco capital e costumam fazer ‘day-trade‘ (compra e venda de ações ou mercado futuro de dólar, café, gado, entre outros), porque esse tipo de operação não exige muito volume financeiro, mas são necessários conhecimento e disponibilidade de tempo".
Ele explica que a empresa onde atua funciona como um "shopping financeiro", oferecendo ao poupador diversas oportunidades de investimentos num só lugar. "Só para ilustrar, há CDBs, LCIs de diversos bancos, há também CRIs, CRAs e mais de 400 fundos de investimentos". Acrescenta que alguns desses produtos os bancos só disponibilizam para grandes investidores e, geralmente, só os produtos da própria empresa. Na corretora é disponibilizado ainda um Plano Universitário, que permite ao investidor movimentar até 3 mil por mês. Opção dispensa a cobrança de corretagem e custódia.
Ainda sobre a compra direta de ações, para quem conhece melhor o mercado acionário Corrêa observa que o investidor pode escolher de qual empresa vai comprar ações, diretamente pelo homebroker. Para aqueles que optarem pelos fundos de ações, esse trabalho é feito pelo gestor do fundo. Analisando as opções de investimentos, o funcionário público Everton Pereira Barbosa decidiu pelos fundos de ações. Escolha foi feita depois de participar de cursos sobre o mercado financeiro numa corretora. Aporte inicial do investidor foi de R$ 1,5 mil. "Depois fui aumentando a frequência e valores das aplicações". Barbosa declara estar satisfeito com a escolha. "Em 2011 houve uma pequena desvalorização, mas em 2012 já recuperei o que perdi". Ele explica que pretende manter as aplicações pa- ra reforçar a aposentadoria, apesar da possibilidade de reaver os valores investidos a qualquer momento.
Cenário - Como o mercado acionário é muito suscetível às oscilações da economia, o consultor de investimentos da Vestra avalia que atualmente há boas oportunidades em ações, apesar do cenário negativo da economia mundial, influenciada especiamente pela situação de alguns países europeus e pe- la ameaça de redução do crescimento da China. "Mas como não dá para adivinhar quando a economia irá começar a melhorar, fica a recomendação para se investir modernamente e fazer aportes mensais para formar um preço médio". Corrêa lembra que é por causa das oscilações do mercado que os investimentos em ações devem ser feitos visando longo prazo, ou seja, um período superior a cinco anos. "Em períodos maiores, essa alta volatilidade é diluída pelo tempo".
Antônio Carlos Netto Filho acrescenta que na Bolsa o investidor compra preço e que sempre é tempo de investir, mas reforça que a opção não é a melhor para quem anseia por lucro imediato. "Essa é a característica do especulador, que já está preparado para conviver com a volatilidade da bolsa, ao contrário do pequeno investidor que não está familiarizado com os ciclos de alta e baixa da Bolsa". Lembra que, ao comprar ações, o investidor está visando o futuro lucro de uma companhia, o que exige um tempo mínimo de dois anos para se confirmar, exceto no caso daquelas empresas já listadas na bolsa que também registram lucros variáveis. "Por isso o dinheiro na Bolsa não deve ser colocado a curto prazo".
Comentários