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Segunda - 02 de Julho de 2012 às 10:55

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Motociclistas estão aumentando, cada vez mais, os custos do Sistema Único de Saúde (SUS), com internações por acidentes.

De acordo com um levantamento divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde, em 2011, o gasto do SUS com internações de motociclistas vítimas de acidentes de trânsito foi de R$ 96 milhões – 113% maior do que o valor registrado em 2008, de R$ 45 milhões.

Em 2011, apenas em Mato Grosso, os dados do Ministério da Saúde apontam que houve 2.479 internações por acidentes com motos, que custaram aos cofres públicos R$ 2.250.376,00.

Os números são expressivos, principalmente quando comparados com os dados de quatro anos atrás, quando o Governo gastou R$ 912,3 mil para custear 1.249 internações.

Os valores injetados no Estado pelo SUS representam 22,15% do que é gasto em toda a região Centro-Oeste, que registou 9.356 internações ao custo de R$ 10.153.539 das verbas públicas.

Os dados do MS revelam ainda um aumento considerável de óbitos por este tipo de acidente, que subiu 21% nos últimos quatro anos, indo de 8.898 mortes de motociclistas em 2008 para 10.825 óbitos em 2010.

O último levantamento feito em Mato Grosso pelo órgão foi em 2010, quando o Estado registrou 385 mortes.

O aumento de todos esses dados é facilmente explicado pelo aumento na comercialização de motocicletas no Estado, principalmente na Capital e em Várzea Grande.

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de veículos registrados cresceu 16,4% entre 2008 e 2010. Somente a frota de motocicletas foi ampliada em 27%, acompanhada, no mesmo período, dos óbitos, que tiveram alta de 12%.

Quem transita por Cuiabá, que está tomada por obras de mobilidade urbana visando a Copa do Mundo de 2014, já percebeu a proliferação de motociclistas nas ruas e as facilidades propagadas pelas concessionárias, que facilitam a aquisição do veículo.

Por serem menores e rápidas, as motocicletas das mais variadas cilindradas se tornaram o alvo de consumo daqueles que querem, a todo custo, evitarem o congestionamento na cidade. A facilidade nas condições para a retirada da carteira de habilitação também é apontada como um fator importante na hora de optar por um automóvel ou uma moto.

Realidade da Capital

Implantado em 2004 no município para atender à Grande Cuiabá, o Samu conta com 10 ambulâncias e uma verba de R$ 5 milhões de reais por ano para serem investidos nos atendimentos, o que equivale, em média, a R$ 189,39 por socorro prestado.

De acordo com o diretor-geral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Daud Abdallah, as vítimas atendidas pelo Samu são levadas, geralmente, para o Pronto-Socorro de Cuiabá ou Várzea Grande, sendo posteriormente encaminhada para o Hospital Metropolitano ou outra unidade hospitalar conveniada ao SUS.

Em casos em que a vítima está consciente e possui plano de saúde, ela pode ser levada diretamente a uma unidade de saúde privada.

Abdallah disse ao MidiaNews que 24% dos atendimentos mensais realizados pelo sistema em Cuiabá e Várzea Grande envolvem motociclistas, com ferimentos que vão desde uma simples luxação até fraturas expostas e traumatismos cranianos.

“Hoje, dos 2,2 mil atendimentos mensais que fazemos, em média, 530 tem, como vítimas, motociclistas. Quanto à gravidade dos ferimentos, os mais leves são fraturas fechadas e expostas ou luxações. Os mais graves são TCA (Traumatismo Cranioencefálico)”, disse.

Segundo ele, a imprudência por parte dos próprios motociclistas é a principal causa dos acidentes atendidos pela Samu.

“Pelo que nós observamos, quando chegamos para fazer o atendimento, a maioria dos acidentes são causados por imprudência dos próprios motociclistas. Eles ultrapassam pelo lado direito, andam em ziguezague ou em alta velocidade pelo corredor”, disse.

Os condutores também precisam aumentar os itens de proteção, para evitar maiores complicações, de acordo com o diretor.

“Hoje os motociclistas já fazem uso do capacete para sua proteção, mas seria ideal que eles utilizassem mais equipamentos, como cotoveleiras e joelheiras, porque diminuiria o risco de sequelas”, observou.

Abdallah criticou ainda a facilidade existente no mercado hoje para a aquisição dos veículos de duas rodas. Ele ressaltou que o aumento da frota de motociclistas “assusta”.

“Há muitos motociclistas imprudentes e eu acredito que seja até mesmo pela facilidade em adquirir a habilitação ou uma moto. Algumas motos, dependendo da cilindrada, nem exigem que o condutor tenha a carteira de habilitação. Então a pessoa chega na concessionária, compra uma moto e sai dirigindo”, opinou.

Ele acredita, porém, que os custos relatados pelo governo com os acidentes envolvendo motociclistas vão além dos milhões apontados pelo Ministério da Saúde. Isso porque, alé, do custo de atendimento, internação e possíveis cirurgias, há também os “gastos sociais”.

“As informações que nós temos é que a maioria das vítimas de acidentes com motocicletas tem um tempo de internação prolongado, que oscila de três a seis meses de recuperação. Às vezes ele fica internado um mês, recebe alta médica, mas precisa ficar de repouso para consolidação óssea, fisioterapia, enfim. A vítima fica inabilitada para trabalhar, gerando um custo na Previdência Social, e não só na rede hospitalar”, afirmou.

Vítimas

De acordo com o levantamento do MS, os homens representaram 89% das mortes de motociclistas em 2010. Os jovens, com faixa etária entre 20 e 29 anos, ainda são as principais vítimas, correspondendo a 40% dos óbitos por acidentes com motos. Esse percentual chega a 88% quando analisamos a faixa etária de 15 a 49 anos.

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os dados elevados mostram que o país está vivendo uma “epidemia de acidente de trânsito”, resultado do aumento da frota de motociclistas e da imprudência dos condutores, tais como excesso de velocidade e consumo de bebida alcóolica.

“O Brasil está definitivamente vivendo uma epidemia de acidentes de trânsito e o aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas é a prova disso. Estamos trabalhando para aperfeiçoar os serviços de urgência no SUS, mas é inegável que essa epidemia está pressionando a rede pública”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.





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