Mais cedo, ainda nesta segunda, o ministro de Relações Exteriores do Uruguai disse que o país era contra a admissão. Foi marcada para 31 de julho, no Rio de Janeiro, a incorporação da Venezuela ao Mercosul, decisão tomada por Brasil, Argentina e Uruguai na última sexta-feira (29), durante a 43ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, na cidade argentina de Mendoza.
"Nós não fizemos pressão sob nenhum país até porque não é estilo da presidenta Dilma Rousseff fazê-lo. A decisão foi tomada pelos três presidentes, tendo ouvido evidentemente suas chancelarias. Foi uma decisão unânime e que refletiu um consenso político, portanto não correspondeu à tese de que nós teríamos feito algum tipo de pressão sobre qualquer governo", afirmou Marco Aurélio em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.
A afirmação que não houve por parte do Brasil "nenhuma imposição, nenhuma pressão" para a entrada da Venezuela no bloco é uma resposta à declaração do ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro. Ele admitiu nesta segunda (2) que seu país era contrário ao ingresso da Venezuela de Hugo Chávez "nessas circunstâncias".
Segundo a agência de notícias AFP, em declarações à rádio "El Espectador", Almagro disse que a posição do Brasil "foi decisiva nessa história", o que Garcia nega. Segundo o assessor especial, o Brasil não faz esse tipo de pressão "em relação a nenhum governo e menos ainda o faria em relação a governos com os quais nós temos uma associação tão intima".
Garcia afirmou ainda que a decisão do Brasil de apoiar o ingresso da Venezuela foi amparada em um "longo parecer da Advocacia Geral da União (AGU)". Ele lembrou ainda da decisão do Mercosul suspender o Paraguai da cúpula, devido ao impeachment do presidente Fernando Lugo.
"Tanto a suspenção do Paraguai do Mercosul como o ingresso da Venezuela no Mercosul – que é bom que se diga que já havia sido aprovado pelos congressos do Brasil, do Uruguai e da Argentina – foram portanto fortemente amparados nesse parecer jurídico", afirmou o assessor.
Paraguai
Marco Aurélio Garcia reafirmou que não haverá sanções econômicas ao Paraguai e disse que há um acordo para que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, mantenha o abastecimento de combustível naquele país.
"Não haverá sanções econômicas ao Paraguai. Nós vamos manter todos os compromissos, inclusive um que é particularmente importante que é aquele da construção da linha de transmissão entre [a usina hidrelétrica de] Itaipu e Assunção [capital do Paraguai]", disse.
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