Raul Filho explicou também que se encontrou com Cachoeira por se tratar de um empresário que poderia levar investimentos para Palmas. "Eu na condição de agente político, eu estava ali como candidato e o cidadão é um empresário. Me foi apresentado como empresário. Procurou qual era o nicho, Palmas era uma cidade há oito anos, como até hoje, efervescente. E qual eram as oportunidades que existiam? Eu tive que colocar, como nós tínhamos [que colocar as oportunidades].”
Reportagem do "Fantástico" do domingo (2) divulgou vídeo, apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-cunhado de Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, em que o prefeito e o bicheiro aparecem conversando. No diálogo, Cachoeira se oferece para financiar um show para o então candidato na reta final da campanha. Raul Filho aceita:
Cachoeira: “Você acha que um grande show seria bom para você lá na reta final?”
Raul: “Ah, com certeza”.
Uma outra gravação, feita duas semanas depois, de acordo com a Polícia Federal, mostra Cachoeira conversando com um suposto assessor de Raúl FIlho, chamado Sílvio. Eles então falam em R$ 150 mil e Cachoeira pergunta como Sílvio levaria o dinheiro para Tocantins.
O prefeito Raul Filho, na entrevista desta segunda, disse que acertou com Cachoeira apenas que haveria o show, mas depois não tomou conhecimento de quanto custaria nem do valor que seria doado. O prefeito afirma que não sabia dos desdobramentos do acordo e que foi Sílvio quem negociou com o bicheiro.
"Ficou claro na nossa conversa, acho que vocês viram, se um show me ajudaria, um grande show, eu falei que sim. Agora a questão de valor, ele não discutiu comigo o valor. Eu saí de lá certo que seria um show. Posteriormente, o que vocês perceberam foi o encontro duas semanas depois, segundo a polícia, o encontro dele com Sílvio, onde eles discutiram os valores certamente para pagar esse show", disse o prefeito.
Raúl Filho ainda negou que Sílvio trabalhasse com ele, mas admitiu que são amigos. "Ele nunca foi meu assessor, conheço, é meu amigo, nunca foi meu assessor, nunca foi meu funcionário, nunca foi funcionário público", afirmou.
No entanto, o prefeito conta que foi Sílvio quem o levou até Cachoeira, na cidade goiana de Anápolis. "O Sílvio foi a pessoa que teve esse contato primeiro, me convidou para ir a Brasília, foi a Brasília comigo. Chegando a Brasília, esse empresário ao qual ele me levou disse que a pessoa que ia nos ajudar morava em Anápolis e nos dirigimos a Anápolis onde aconteceu o que vocês assistiram”.
O prefeito garante que o encontro filmado foi o único que ele teve com Cachoeira. "Eu vim a conhecer o cidadão nesse dia, vi pela primeira e última vez. Portanto, eu não conhecia e não sabia de quem se tratava".
Delta
Raul Filho negou também que tenha favorecido a empresa Delta em contratos com a prefeitura durante seus dois mandatos, de 2004 a este ano. A construtora Delta é apontada pelas investigações da Polícia Federal como empresa que atuava em parceria com o grupo de Carlinhos Cachoeira.
"Eu nunca me relacionei com Delta". Mais à frente, na coletiva, o governador reafirmou: "Não há ajeitamento no meu governo. As empresas têm de passar por um critério legal, por processos licitatórios. A população se sente envergonhada com as coisas erradas do poder público".
O Ministério Público do Tocantins investiga contratos sem licitação, sob a justificativa de serem emergenciais, entre a Delta e a prefeitura para coleta de lixo em Palmas. Os contratos, do início do mandato de Raul Filho, somam R$ 30 milhões, de acordo com o MP de Tocantins.
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