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Cidades
Terça - 03 de Julho de 2012 às 22:18

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Uma conversa gravada pela Polícia Federal em agosto do ano passado mostra que o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira e um funcionário da construtora Delta combinavam um depósito de R$ 120 mil para uma assessora da deputada estadual e primeira-dama de Palmas, Solange Duailibe. O diálogo (veja ao lado) reforçou suspeita do Ministério Público da existência de um suposto esquema de propina operado pelo bicheiro e pela construtora para conseguir contratos com a Prefeitura, comandada desde 2005 pelo petista Raul Filho.

O áudio captado pela PF mostra um diálogo entre Geovani Pereira da Silva, apontado como contador de Cachoeira, e o tesoureiro da Delta Rodrigo Dall Agnol. Nele, eles combinam como seria feito o depósito, para Rosilda dos Santos, assessora de Solange.

Geovani: Perguntou o homem se pode mandar mesmo? Porque depois de mandar não tem jeito não.
Rodrigo: (risos ) Não.
Geovani: Pode falar o outro.
Rodrigo: É bom, Banco do Brasil, Ozilda Rodrigues dos Santos. Um, dois, zero. Cento e vinte.


A Delta é responsável pela coleta de lixo em Palmas desde 2006 e já recebeu mais de R$ 50 milhões da Prefeitura. No último domingo (1º), vídeo revelado pelo Fantástico mostrou uma reunião, ainda na época da campanha, em 2004, em que Cachoeira oferece R$ 150 mil para a campanha de Raul Filho. O então candidato Raul Filho responde que havia uma "série de oportunidades a serem exploradas" e cita áreas de imóveis, transporte e água.

Em entrevista nesta segunda (2), Filho disse que desconhecia o valor e negou favorecimento à Delta em contratos da Prefeitura. Nesta terça, ele não quis gravar entrevista sobre o depósito e disse que falaria apenas se for convocado para a CPI do Cachoeira no Congresso. A Delta disse que já afastou o tesoureiro que aparece na conversa.

A assessora Rosilda dos Santos foi exonerada após a denúncia. Ao Ministério Público, ela disse que a conta era operada pelo irmão da primeira-dama, Pedro Duailibe, que era secretário de governo de Raul Filho. Ele nega ter recebido dinheiro e pediu demissão depois da denúncia.

"Projeto político"
O vídeo em que Cachoeira e Raul Filho conversam em 2004 foi gravado pelo próprio bicheiro e encontrado durante as investigações da Operação Monte Carlo na casa de seu cunhado. Em outro trecho das gravações, um homem não identificado pela PF fala em "percentuais" para um "projeto político".

Homem não identificado: Nossa ideia era que tudo que nosso grupo captar de contrapartida, haveria uma porcentagem de fundo para o próprio projeto político. Estabelecíamos um percentual, vai ser do lixo? Tudo bem.
Cachoeira: Tem que ver o tamanho do negócio pra ver o que que a gente pode entrar e o tamanho do nicho aí de dentro.






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