"É muito agradável ter razão de vez em quando (...) foi uma longa espera", admitiu o físico durante a coletiva.
Higgs concedeu uma coletiva de imprensa na Universidade de Edimburgo, na Escócia, dois dias depois que a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) anunciou na quarta (4), em Genebra, na Suíça, a descoberta de uma nova partícula que pode ser o tão procurado bóson de Higgs, considerado a chave para entender a estrutura fundamental da matéria no Universo.
Essa a partícula seria a que atribui massa a todas as demais, segundo a teoria conhecida como "modelo padrão".
Conhecido por sua modéstia, o professor aposentado de 83 anos deu pouca importância aos comentários de cientistas famosos de que seria o favorito para vencer o Prêmio Nobel. "Não sei, não tenho amigos no Comitê Nobel", comentou.
Indagado sobre o que vai fazer no futuro, Higgs disse que quer simplesmente continuar com sua vida de aposentado. "O único problema, creio, é que terei de escapar da imprensa", brincou.
O cientista britânico Peter Higgs defende há quase 50 anos a existência da "partícula de Deus". (Foto: David Moir/Reuters)
Em 1964, Peter Higgs postulou a existência de uma partícula subatômica, que os físicos do Cern afirmam ter, talvez, encontrado depois de uma longa busca.
Quando teve a intuição de um "campo" que se assemelha a uma espécie de cola, onde as partículas ficariam mais ou menos presas, Higgs disse ao antigo colega Alan Walker: "Ah, que merda, eu sei como fazer!"
O físico publicou um artigo sobre sua teoria, que acabou se tornando o carro-chefe de uma escola científica para a qual vários físicos têm contribuído ao longo dos anos. Tímido e sossegado, Higgs leva uma vida pacata em Edimburgo, onde deu aulas por muitos anos.
A nova partícula que pode ser o bóson de Higgs foi descoberta pelos cientistas, mas ainda são necessárias verificações para confirmar se ela é ou não a "partícula de Deus", segundo anunciou o Cern.
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