Celso contou à reportagem que ao chegar no Hospital Universitário, os médicos avaliaram que o quadro clínico estava complicado e que uma cirurgia para a remoção dos testículos já deveria ter sido realizada horas antes. Isso porque já havia três dias que as crianças estavam com as complicações no órgão genital.
No entanto, de acordo com o pai, os médicos resolveram optar por antibióticos na tentativa de combater a infecção nos siameses. “Os meninos tinham que receber atendimento nas primeiras seis horas, mas como já passou três dias, a equipe médica queria remover os testículos. Mas, os médicos conversaram e resolveram primeiro aplicar os antibióticos para combater a infecção e ver se não será preciso a cirurgia” informou Celso.
A integrante da equipe de pediatria do HGU, Kallyna Barbosa Racosky, declarou ao G1 que não será necessário a cirurgia e que por meio dos medicamentos a infecção deverá ser combatida. “ Estamos ministrando os antibióticos e não será necessário a remoção do testículos dos irmãos”, afirmou.
Além da complicação nos testículos, os gêmeos também passaram por um procedimento para a retirada de uma hérnia no intestino, no dia 28 março no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Celso afirma que para fazer a cirurgia para retirar a hérnia os filhos ficaram 12 dias internados, porque durante esse período, tiveram uma infecção urinária e, por isso, o procedimento teve que ser adiado. O pai conta que a família pretendia passar três meses em Primavera do Leste até completar os seis meses necessários para saber sobre a separação dos bebês.
De acordo com Lorraine Silva Monteiro, 16 anos, mãe dos gêmeos, eles vão aguardar dois meses para realizar a cirurgia de separação. Entretanto, até o dia da operação final , haverá ainda uma bateria de exames. “Vamos passar uns dois meses fazendo exames e depois que ocorrerá a cirurgia. Por que eles ainda vão colocar uma bolsa de silicone nos meninos”, relatou a mãe dos meninos.
Cirurgia de separação
A cirurgia de separação está agendada para o mês de setembro. A mãe contou que não queria que os filhos realizassem a cirurgia, segundo ela, o risco da operação é muito grande. No entanto, depois de conhecer algumas crianças que realizaram a cirurgia e hoje estão saudáveis, ela resolveu aceitar . “ Depois que conheci umas crianças que fizeram a cirurgia e estão bem acabei aceitando”, afirmou Lorraine Silva Monteiro.
Além de viver a expectativa da cirurgia, os pais vivem o desafio de manter as despesas e os custos com a viagem que vão ter que fazer no próximo mês, novamente a capital paulista. A dificuldade vem do fato de a família contar apenas com o salário de frentista do pai das crianças como única fonte de sustento da casa. A viagem já faz parte da rotina da família e é necessária para o acompanhamento da saúde dos bebês.
União
Os bebês são unidos da cintura para baixo, têm braços independentes, mas possuem apenas duas pernas. Apesar de o tratamento ser oferecido gratuitamente em um hospital universitário em São Paulo, os pais não têm condições financeiras de se manter. Em entrevista à reportagem, o pai dos gêmeos afirmou que o seu salário é de R$ 800. “Por enquanto nós estamos dependendo de ajuda da população, que têm contribuído bastante” afirmou Celso Henrique dos Santos.
A deficiência foi descoberta durante os três meses de gravidez da mãe das crianças. Quando foi identificado que os bebês estavam sendo formados juntos, a família que morava em Juara, a 690 quilômetros da capital, resolveu se mudar para Primavera do Leste. “Lá em Juara não tinha médico que pudesse acompanhar a gravidez. Então, viemos para Primavera, mas os médicos daqui encaminharam a minha mulher para São Paulo”, afirmou Celso, ao falar sobre a complexidade do caso.
O principal risco apontado pelos médicos é o comprometimento dos órgãos. “Quando eles nasceram, a primeira coisa que os médicos falaram é que os bebês têm mais chance de vida juntos do que separados. Separando posso perdê-los e eu opto por não separar”, declarou a mãe dos bebês, Lorraine da Silva Monteiro.
Siameses têm sete meses de vida e devem ser separados após exames (Foto: Marcelo Ferraz/G1MT)
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