Economia mato-grossense, favorecida por fundamentos estruturais, foi a que mais cresceu no país em 2011
Maior expansão anual
A economia mato-grossense foi a que mais expandiu no ano de 2011. Conforme dados divulgados ontem pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso atingiu crescimento anual de 19,83%, o maior registrado naquele ano no Brasil. A evolução supera em mais de duas vezes a registrada no país, 9,89%, e traz o Estado novamente à condição de ‘Tigre Pantaneiro’, ao resgatar o ritmo de crescimento asiático observado até o início desta década.
O PIB estadual – que é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país, estado ou município – fechou 2011 em R$ 71,41 bilhões. Em 2010 as riquezas somaram R$ 59,60 bilhões e naquele ano o Estado cravava seu pior desempenho dos anos 2000, ao registrar a menor expansão anual no país, 3,6%.
Com o avanço do ano passado, Mato Grosso ampliou a participação no PIB nacional de 1,6% para 1,7% e galgou uma posição no ranking, a 14ª. Com a evolução e a retomada do ritmo de crescimento econômico, as contas referentes a 2011 trazem ainda outro dado positivo ao Estado, a 7ª maior renda per capita do país, R$ 23,21 mil, superando a média nacional em R$ 21,53 mil. Na ordem, a renda por habitante – que é o PIB dividido pela população total – fica atrás apenas do que foi consolidado no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo.
“Os números da economia mato-grossense em 2011 mostram que o Estado se reencontrou e cresce de forma sólida, o que é mais importante”, afirma o economista e secretário adjunto do Tesouro Estadual, Vivaldo Lopes. Como completa, a expansão anual do PIB em quase 20% de um ano para o outro é espetacular. “Depois de um 2010 decepcionante, pois crescemos apenas 3,6%, ampliamos quase seis vezes mais em um intervalo de um ano. Mato Grosso retoma o ciclo virtuoso e sustentável de um crescimento alicerçado em bases sólidas da economia, ou seja, produção e investimentos. Mato Grosso retoma, sem dúvida, o ritmo chinês de crescimento e volta a ser um Tigre Pantaneiro”. O termo “Tigre Pantaneiro” foi criado por Lopes como forma de dimensionar o vigor mato-grossense que por vários anos imprimiu o mesmo ritmo dos Tigres Asiáticos.
O CRESCIMENTO - Como fatores da expansão estadual, Lopes elenca um conjunto de projetos em quatro áreas distintas como responsável pela solidez dessa expansão, bem como a dobradinha aumento da produção agropecuária e das cotações internacionais das commodities. “Investimentos em energia, via projetos de geração, em infraestrutura logística, em plantas industriais e de processamento de alimentos e os vindos do comércio com a chegada de grandes redes nacionais. Tudo isso ampliou a oferta de empregos, ampliou a renda e fomentou o consumo tanto das famílias quanto das empresas e isso faz deste crescimento, um crescimento virtuoso”. Como faz questão de destacar o economista, esse crescimento é saudável porque está amparado pelo investimento e produção e menos dependente do consumo, como é o caso do PIB nacional. “O ano de 2011 consolidou um ciclo completamente oposto ao que foi vivenciado pela nossa economia em 2010, quando ainda se contabilizavam os impactos da crise de liquidez eclodida nos Estados Unidos, em setembro de 2008. E a estimativa é de que em 2012, o IBGE traga números tão bons ou melhores que o atual, pois além de uma supersafra em produção, tivemos uma supersafra em preços e mais o início dos investimentos para a Copa do Mundo”. Como antecipou o secretário adjunto do Tesouro Nacional, o valor do PIB estadual no ano passado surpreendeu, tanto é que a equipe econômica vai revisar para cima as estimativas dos próximos anos. “Havíamos prospectado para o ano de 2013 um PIB de R$ 75 bilhões. Acredito, dentro do cenário atual de investimentos, que podemos ir a R$ 85 ou R$ 90 bilhões em 2013”.
SOLIDEZ – Como observa Lopes, os números do PIB 2011 ratificaram o que os mato-grossenses já sabiam: “Que a economia nacional depende cada vez mais do Centro-Oeste. O maior fator positivo dos números em nível de Brasil é a nítida descentralização da economia, que vai deixando o eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais para e se encontrar em Santa Catarina-Espírito Santo-Tocantins-Goiás e Mato Grosso. E essa descentralização vem provendo a redução das desigualdades regionais”. Com esse novo movimento, o economista explica que aos poucos vai ficando evidente que o empreendedor estrangeiro está confiante na melhora das condições logísticas do país e por isso tem investido cada vez mais no interior do Brasil, montadoras e grandes multinacionais estão sendo erguidas na região. “Maior prova disso é que o Centro-Oeste passou a ser a região de maior aceleração do crescimento e tudo isso puxado por Mato Grosso e Goiás. Para mim, esse movimento apresentado pelas contas regionais 2011 do IBGE são o que há de mais positivo e sólido para a economia brasileira”. (Veja mais na página C2)
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