Bruno Emerenciano foi preso na residência dele, por volta das 13h, no bairro de Meireles. Ele chegou ao Aeroporto do Recife e foi encaminhado para a sede da PF, no centro da cidade. O rapaz já prestou depoimento em Fortaleza e pode ainda ser ouvido no Recife. Depois, será levado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exames de praxe e ao Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e LIma, no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, onde ficará detido.
Em coletiva de imprensa na sede da PF, a delegada Kilma Caminha, responsável pelo caso em Pernambuco, informou que a prisão foi pedida após a realização de perícias técnicas, interrogatórios, depoimentos e análises de imagens, entre outras diligências, que comprovaram a responsabilidade do investigado nos crimes. "Ele confessou que criou emails e perfis em nome do irmão, mas não confessou a parte criminosa. No entanto, estamos convictos da responsabilidade do preso de hoje nos crimes", disse.
Segundo o delegado Nilson Antunes, delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Bruno Emerenciano já foi indiciado por armazenamento e disponibilização de pornografia infantil. A pena varia de um a seis anos de prisão. "O inquérito deve ser finalizado nos próximos dias. Falta apenas uma perícia. Depois, vamos oferecer a denúncia à Justiça", falou.
Irmão de Mução chega à sede da PF
(Foto: Luna Markman / G1)
Mução
De acordo com a delegada Kilma Caminha, também não restam dúvidas quanto a não participação do humorista no crime. A delegada já pediu a revogação da prisão temporária do radialista e seu desindiciamento do inquérito, ou seja, ele não responde mais a nenhum processo dessa operação. O radialista comanda um programa de humor retransmitido em rádios de todo país, só no Nordeste há 15 anos, conhecido por aplicar pegadinhas por telefone.
Mução ficou preso apenas durante um dia, quando começaram a aparecer suspeitas em torno da responsabilidade do irmão dele. Segundo a delegada, foi o próprio humorista quem levantou a hipótese de que alguém muito próximo dele, que teria acesso à casa e às senhas, poderia ser responsável por tudo. "Eu até falei de forma irônica que o primeiro investigado [Mução] só seria inocentado se ele tivesse uma sombra, e ele tinha. Quando recebeu a notícia de que o irmão era o autor do crime, ele ficou muito surpreso", comentou.
Kilma Caminha explicou que o comportamento de Bruno Emerenciano após a prisão do irmão levantou suspeitas."A primeira ação de um irmão seria socorrer o outro, mas ele ficava fugindo, dizendo que estava procurando um advogado. Também não se apresentou nos primeiros dias e, através das câmeras do circuito de segurança, constatamos que logo após a prisão do irmão, ele se desvencilhou do seu computador pessoal, dizendo à polícia que havia perdido", explicou.
Segundo Kilma Caminha, os irmãos tinham uma relação próxima. "Eles trabalhavam juntos, moravam na mesma casa. Ele tinha acesso a informações pessoais do irmão. Ele abusou dessa confiança. Segundo nossa investigação, ele participava desse rede criminosa desde, pelo menos, agosto do ano passado. Ele tinha muito material, mas não sabemos quantificar", disse.
O G1 entrou em contato com o advogado do suspeito, Paulo Quezado. Ele informou que chega ao Recife nesta terça-feira (24). "Não quero dar nenhuma declaração agora, pois ainda vou ler o decreto de prisão e pedir autorização judicial, já que a investigação corre em segredo de Justiça", disse.
Operação DirtyNet
A Operação DirtyNet foi desencandeada no último dia 28 de junho, quando a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha internacional de compartilhamento de pornografia infantil na internet, com apoio do Ministério Público Federal e da Interpol. Trinta e dois suspeitos foram presos, entre eles o radialista, em nove estados do Brasil. Ao todo, 50 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
As prisões ocorreram no Rio Grande do Norte (5), Paraná (3), São Paulo (9), Rio de Janeiro (5), Espírito Santo (1), Ceará (1), Minas Gerais (5), Bahia (1) e Maranhão (2). A investigação foi iniciada em dezembro de 2011 e 160 usuários foram identificados na América, Europa, Ásia e Oceania, sendo 63 no Brasil e 97 no exterior.
A Polícia Federal começou a investigação após a prisão de um homem com material pornográfico, no final do ano passado, no Rio Grande do Sul. Os contatos que ele tinha foram analisados, quando descobriu-se a existência de uma rede. A organização era fechada e só dava acesso a convidados aprovados pelos demais integrantes.
A PF monitorava a quadrilha por meio de redes privadas de compartilhamento de arquivos. Os suspeitos atuavam no anonimato. As imagens e vídeos, que não eram vendidas, apenas trocadas, continham cenas de bebês, crianças e adolescentes até 12 anos em contexto de abuso sexual e sexo explícito. O grupo usava um software de troca de arquivos criptografados, para manter suas operações em sigilo.
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