Um estudo feito com 31354 crianças pela Schools Health Education Unit constatou que metade das meninas com 12 e 13 anos já queria perder peso. Mas os primórdios dessa atitude podem ser vistos muito antes disso. O consultor educacional Nicky Hutchinson disse ao jornal inglês Daily Mail que professores de escolas primárias relatam preocupação com meninas de seis anos que se dizem "muito gordas" e que se dedicam a natação ou outras atividades esportivas porque estão preocupadas com o formato de seus corpos. Já os meninos se julgam fracos e sem massa muscular suficiente.
Às vezes a mensagem de "comer saudável" que as escolas são obrigadas a promover podem fazer com que as crianças a entendam mal. "Uma mãe me disse que seu filho de nove anos de idade ficou obcecado com o teor de gordura de seu almoço depois de uma lição de escola sobre os perigos da obesidade", disse. "Outra disse que a filha de dez anos, magra, se recusou a usar uma saia porque não escondia as gorduras", acrescentou.
Um levantamento da Ofsted, em 2010, revelou que para um terço das meninas de 10 anos e 22% dos meninos da mesma idade têm como preocupação principal o corpo. Estatísticas recentes mostraram que cerca de 200 crianças britânicas com idade entre 5 e 9 anos foram hospitalizadas por anorexia grave.
As sementes de transtornos alimentares e ansiedade sobre a aparência são geralmente semeadas muito cedo. Com 13 anos, 50% das meninas já estão insatisfeitas com sua aparência. Os meninos também estão buscando um corpo perfeito e querem massa muscular e abdômen "rasgado" como os de atletas profissionais. "As crianças desenvolvem uma imagem de si mesmo em uma idade muito precoce. Se a imagem é negativa, é difícil mudar com o tempo", disse.
Quando Hutchinson perguntou para meninas de nove anos o que eles querem ser quando crescerem, não responderam "veterinária" ou “professora", mas sim "magra" ou "sexy". Estes são sinais preocupantes de uma crescente obsessão com a aparência, que pode, desenvolver problemas comportamentais.
As crianças assistem a até 40 mil anúncios por ano, que invariavelmente contém imagens de mulheres magras e bonitas. Além disso, as crianças de hoje também são fotografadas muito mais do que as gerações anteriores. Eles fotografam uns aos outros e estudam a sua aparência, muitas vezes de uma forma muito crítica.
Eles veem fotos de garotas fazendo beicinho ou poses ousadas em sites de redes sociais como Facebook e, quando têm irmãs mais velhas, tentam imitá-las. "Esta é uma questão que atravessa todas as fronteiras sociais. Está acontecendo em escolas públicas e privadas, cidades do interior e áreas rurais", alertou.
Para ajudar, o especialista diz que os pais devem fazer um esforço para não se concentrarem demais na aparência das crianças. "É bom dizer-lhes que uma boa aparência é importante, mas também devemos reconhecer suas outras qualidades, para que eles saibam que são valorizados por quem eles são e o que fazem, não apenas o que parecem", falou.
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