Antes mesmo de o ingresso da Venezuela no Mercosul ser formalizado em Brasília na terça-feira, o Brasil, que ocupa a Presidência rotativa do bloco, traça estratégias para facilitar a ampliação do grupo com novos membros plenos, disseram fontes do governo nesta segunda-feira.
A presidente Dilma Rousseff, que tem na reunião extraordinária do Mercosul seu primeiro evento como anfitriã do bloco, quer pôr na mesa de reuniões a proposta de se rever prazos e condições de entrada de novos países, por considerar que a ampliação reforça o grupo e ajuda as economias das nações, segundo uma fonte do Planalto.
Os primeiros candidatos a novos membros plenos seriam Bolívia, Equador, Suriname e Guiana, mas o Brasil também mira mais além, em países maiores do continente, como a Colômbia.
"O Brasil quer reforçar o Mercosul e, para isso, quanto mais membros, mais robusto será o bloco", disse a fonte.
Na tarde desta segunda-feira, o tema foi discutido entre os chanceleres dos quatro países --Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela--, uma vez que o Paraguai está politicamente suspenso do bloco e não participou da reunião.
A decisão de suspender o Paraguai foi tomada em represália à decisão do Congresso paraguaio de destituir o presidente Fernando Lugo, um ato considerado pelos outros membros do Mercosul como uma ruptura da democracia.
As fontes do governo citaram não apenas facilitar o processo de adesão, mas também diminuir os prazos para que novos membros se adaptem às regras do bloco.
A entrada da Venezuela se arrasta desde 2006, e só foi possível neste momento por causa da suspensão dos direitos políticos do Paraguai, único país do bloco cujo Congresso não havia votado a entrada dos venezuelanos.
Segundo outra fonte, do Itamaraty, é quase impossível retirar a exigência de que os Congressos dos países membros aprovem a entrada de novos sócios, mas há outros trâmites que podem se facilitados, até mesmo os que a Venezuela deve cumprir para ser, de fato, um membro pleno do grupo.
O QUE FAZER COM O PARAGUAI?
Outro tema que Dilma pretende levar à mesa de discussões é como lidar com o Paraguai nos próximos meses, ou enquanto durar a suspensão, para não abrir espaço para que todas as decisões dos outros membros sejam juridicamente contestadas, disseram as fontes.
Dilma, que não pretende deixar seu período na Presidência do Mercosul passar em brancas nuvens, quer discutir com os demais presidentes a melhor forma de lidar com a situação paraguaia.
"Isso não significa voltar atrás na decisão de suspender o país das reuniões", disse a fonte do Itamaraty.
A decisão pode ser comunicar o país das decisões ou até mesmo aceitar um observador do Paraguai em alguns fóruns decisórios.
(Reportagem de Ana Flor)
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