"Este é o julgamento do maior escândalo de corrupção da história brasileira e é uma oportunidade de deixar uma herança ética que engrandeça a nossa cidadania e a crença de todos nós de que somos um povo com instituições forjadas em valores nos quais acreditamos", disse o líder da Minoria, deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP).
O líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), destacou que o momento é fundamental na formação da história democrática do Brasil, e disse que houve o respeito, por parte do STF, ao mais amplo processo de defesa. "É preciso transformar a cultura de que os poderosos não são julgados de forma efetiva", afirmou.
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), avaliou que o STF vai fazer o julgamento "com a serenidade e o equilíbrio devidos a um tribunal superior". Para o deputado, afirmar que não existiu o mensalão é começar a repetir a velha prática de Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista, "que repetia mentiras para que, ao final, se tornassem verdades".
De acordo com o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), o STF estará decidindo o que é lícito ou não na busca e no exercício do poder. "A nossa expectativa é a de que, da decisão final do Supremo, saia um critério histórico para banir, de vez, a corrupção da história política brasileira e nos estimular a fazer uma profunda reforma do sistema político. A matriz de toda corrupção é o próprio sistema político brasileiro hoje, que acaba desautorizando a representação."
Vice-líder do DEM, Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que os cidadãos se voltam ao STF com a esperança de "que a prática de uso do dinheiro público para corromper campanhas eleitorais e resultados de votações não vai mais proliferar no Brasil". Para Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ao investigar denúncias de corrupção nos Correios, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema resgatou a credibilidade do Parlamento e colocou nas mãos do STF o futuro do Brasil. O julgamento, disse o deputado, deve passar a mensagem de que "ninguém está acima da lei".
Para Roberto Freire (PPS-SP), o debate sobre o julgamento está instalado na sociedade. Segundo o deputado, os brasileiros estão se mobilizando no combate à corrupção, buscando acabar com a impunidade. "O julgamento qualifica o Brasil do futuro, com cidadãos mais atentos e que conseguirão entender todo o processo político". Otavio Leite (PSDB-RJ) disse que "o mensalão ocorreu há sete anos, mas nem por isso se deixou de praticar inúmeros outros atos semelhantes", pois, "no ano passado, vários ministros caíram em razão de desvios e desmandos com o dinheiro público".
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
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