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Ciência
Domingo - 05 de Agosto de 2012 às 21:00

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O nervosismo dos técnicos que aguardam o pouso da missão MSL (Laboratório de Ciências de Marte) no planeta parece fazer transparecer um traço de personalidade raro em cientistas e engenheiros: a superstição.

Quando a nave entrar na atmosfera de Marte às 2h24 da madrugada desta segunda-feira, todas as manobras de pouso serão realizadas de maneira automática, e pouco restará fazer senão torcer para que tudo dê certo e o jipe-robô Curiosity chegue ao solo com segurança. Para ajudar, alguns dos integrantes da missão no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa) apelam para simpatias e amuletos.

"Nós temos a tradição de ir a uma certa lanchonete em Pasadena e almoçar lá, porque fizemos isso no pouso dos Mars Exploration Rovers, o Spirit e o Opportunity, em 2003, e funcionou", disse à Folha Adam Steltzner, chefe do procedimento de pouso da missão. "Então, agora, temos que fazer isso de novo. Essas coisas vão se transformando em superstições."

  Damian Dovarganes/Associated Press  
 O chefe do procedimento de pouso da missão Adam Steltzner com modelos da nave e do jipe enviados a Marte; como superstição, cientista sempre almoça no mesmo restaurante em momentos cruciais de missões da Nasa
O chefe do procedimento de pouso da missão Adam Steltzner com modelos da nave e do jipe enviados a Marte; como superstição, cientista sempre almoça no mesmo restaurante em momentos cruciais de missões da Nasa

Brian Portock, gerente de missão do MSL, disse que uma outra tradição é levar amendoins para o centro de controle. Mesmo quem não gosta acaba comendo, diz o engenheiro, que contou a jornalistas o que outros integrantes da equipe estão fazendo.

"Um dos nossos engenheiros de comunicação, Matt Landa, deixou crescer aquilo que é sua versão de "barba das eliminatórias"", disse, em referência à tradição de jogadores de hóquei de não aparar os pêlos faciais durante toda a fase final do campenonato nacional.

Nagin Cox, também da equipe de comunicação, passa o dia agarrada a dois pequenos balangandãs, mania que também adquiriu na missão marciana de 2003. "Ela diz que ajuda a relaxar", afirma Portock.

A mais conhecida das simpatias, porém, é a de Bobak Ferdowsi, diretor de vôo e engenheiro de sistemas do MSL. Ele fez um corte de cabelo diferente para cada uma das fases de desenvolvimento e lançamento do MSL.

"Agora, antes do procedimento de pouso, a equipe de voo fez uma votação sobre qual deveria ser o corte novo, e a sugestão vencedora foi que ele usasse estrelas e listras [o padrão da bandeira dos EUA]", contou Portock. "Se vocês virem um sujeito andando por aí no laboratório com um penteado moicano --vermelho e branco em cima, com estrelas do lado-- é ele."

Steltzner, chefe do procedimento de pouso, diz que todos estão confiantes de que fizeram tudo para garantir que o Curiosity vai pousar com segurança, mas muitos ficam nervosos diante da perspectiva de ter de sentar e esperar agora. Em uma frase, resumiu o espírito que tomou conta da equipe: "estamos racionalmente confiantes e emocionalmente aterrorizados". 






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