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Nacional
Sexta - 10 de Agosto de 2012 às 08:57

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Elize e Marcos tiveram fase de brigas frequentes, por motivos generalizados, diz psicóloga (Foto: Arquivo pessoal)
Elize e Marcos tiveram fase de brigas frequentes, por motivos generalizados, diz psicóloga (Foto: Arquivo pessoal)

O depoimento dela à polícia – obtido com exclusividade por ÉPOCA – ilustra a disposição de Elize nos dias que antecederam o crime e dificulta a sua defesa. Seu advogado, Luciano Santoro, pediu na Justiça que o testemunho fosse retirado dos autos do processo. Ele argumentou que o inquérito sobre o caso conduzido pela Polícia Civil já havia sido encerrado quando a psicóloga foi ouvida. O juiz não concordou e negou o pedido.

Os Matsunaga procuraram a psicóloga no dia 14 de março deste ano. Segundo o depoimento dela, Elize disse que o relacionamento do casal começou a desandar quando nasceu a filha dos dois, em abril de 2011. Elize disse que não conseguia dormir direito e ficava irritada. Foi nessa época que começou a tomar remédios para dormir. Melhorou dos distúrbios do sono, mas a irritação continuou. “Eles vinham brigando com certa freqüência, por motivos generalizados”, disse a psicóloga. “Elize estava sempre muito nervosa e irritada. Brigando, atacando, agredindo fisicamente e com palavras seu marido”.

Em seu depoimento, a terapeuta contou ainda como Elize reagiu a duas supostas traições do marido. A primeira teria sido com uma funcionária do grupo Yoki, que ela teria descoberto ao entrar no e-mail de Marcos, em 2010 (as investigações não comprovam se essa traição realmente existiu). Elize disse à psicóloga que já havia perdoado o episódio. Durante as sessões de terapia, não foi mencionada a relação de Marcos – esta sim, posteriormente comprovada – com a garota de programa Nathália Lima. A psicóloga só ficou sabendo do episódio quando Elize ligou para ela, no dia 21 de maio, dois dias depois de matar Marcos. Contou que havia aproveitado uma viagem para o Paraná para colocar um detetive no encalço dele – e disse que, na volta, o detetive havia mostrado a ela fotos de Marcos com “uma morena”. 

Durante esse telefonema, Elize mentiu para a terapeuta. Disse que Marcos havia “saído de casa, levando uma muda de roupa e uma grande quantidade de dinheiro”. Em seguida, perguntou se Marcos havia ligado para ela. A psicóloga disse que não e, ao ser informada de que Elize estava sozinha, disse que seria importante que a cliente fosse até o consultório devido a seu estado emocional. Elize recusou a sugestão e agradeceu pelos serviços, desmarcando a consulta do dia seguinte porque “o casamento havia acabado”. A psicóloga só ficou sabendo que sua ex-paciente havia matado Marcos pela imprensa, após a confissão. O assassinato fez com que ela concluísse aquilo que já havia notado nas consultas que realizara: “O psicodiagnóstico de uma personalidade que apresenta indícios de psicopatia, uma perversão, e uma fantasia persecutória (mania de perseguição)”. 

Cerca de um mês depois de recorrer à terapeuta pela primeira vez, os Matsunaga procuraram, cada um de uma vez, o reverendo da igreja anglicana que havia celebrado o casamento e batizado a filha do casal. Foi Elize quem primeiro o contatou, por e-mail. Na mensagem, ela escreveu que receava pela própria vida, pois o marido havia tentado matar a ex-esposa (em seu depoimento à polícia, Elize acusou Marcos de tentar envenenar a primeira mulher, a gaúcha Cristina Carbonera). 

Seis dias depois, o religioso recebeu um e-mail de Marcos, onde ele solicitava um encontro para conversar sobre seu relacionamento. Acabaram se reunindo três dias depois, na manhã do dia 29 de abril. De acordo com o depoimento, Marcos se queixou de que Elize o acusava de traição – e mentiu, ao negar que traísse a mulher, embora estivesse saindo com a morena Nathália desde fevereiro. No momento em que os dois conversavam, Elize ligou. O reverendo passou o telefone a Marcos. De acordo com o religioso, Marcos teve que afastar o celular do ouvido por conta do volume dos gritos da mulher. Na ocasião, o reverendo o aconselhou a trocar a fechadura do quarto de armas (o casal era praticante de tiro ao alvo) e a considerar uma possível internação de Elize -- para segurança de Marcos e da filha “e para defendê-la até de si própria”. O reverendo ainda disse à polícia que, já há algum tempo, notara um comportamento estranho de Elize, em que ela parecia ter visões e alucinações, configurando “um quadro de paranóia que poderia evoluir para esquizofrenia.”






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