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Nacional
Sábado - 11 de Agosto de 2012 às 14:44

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Finalmente eles foram reconhecidos no futebol. Enquanto um é zagueiro, tem cabelos crespos e adora doce, o outro é atacante, tem fios louros e prefere salgado. Com as diferenças, ficava difícil perceber que David Evangelista de Oliveira, o branco, e Nícolas, o negro, são irmãos gêmeos.

— Os pais dos coleguinhas do futebol achavam que só um era meu filho e que o outro era um amiguinho dele. E olha que os dois já treinam há um ano e meio. Mas só agora descobriram que são irmãos gêmeos — conta o montador de peças de laboratório Luis Carlos de Oliveira Silva, de 42 anos, pai das crianças.

O pai Luis com os filhos Nícolas e David

O pai Luis com os filhos Nícolas e David Foto: Nina Lima / Extra

 

Fama no bairro

Morador de Campo Grande, Luis tomou um susto quando soube da dupla gravidez da mulher, Audicelia Evangelista, de 45 anos. E outro após o nascimento dos filhos, um negro, como o pai, e outro branco, como a mãe.

— Na época, os colegas brincavam: "ah, esse aí não é seu filho, não!". Uma vez entrei numa maternidade e o David me chamou de pai. O segurança cochichou: "não é filho dele." Mas eu penso: os dois puxaram ao pai e à mãe — afirma Luis.

Na porta do quarto, a frase “gêmeos em ação” 
Na porta do quarto, a frase “gêmeos em ação” Foto: Nina Lima / Extra

Famosos no sub-bairro Santa Rosa, Nícolas e David, aos 9 anos, já começam a colher os frutos da fama que os levou a um programa de TV ainda recém-nascidos. Outro dia mesmo foram seguidos por duas meninas que descobriram onde moravam.

— Cheguei do trabalho umas 19h30m e peguei o Nícolas passando gel no cabelo e o Davi se arrumando. Logo em seguida, duas meninas gritaram o nome deles aqui no portão. Elas estavam tomando coragem para chamá-los para sair — explica o pai, que se diverte ao saber que os filhos já estão se interessando pelas meninas.

Os gêmeos 
Os gêmeos Foto: Acervo pessoal / Divulgação

Estimativa: menos de 1% de chance de incidência

O nascimento de irmãos gêmeos, um negro e outro branco, ainda surpreende. Em 2006, por exemplo, o EXTRA mostrou o caso dos irmãos Pedro e Nathan Henrique Rodrigues, que intrigou Costa Barros.

Um ano depois, o cabeleireiro Carlos Henrique Fonseca, o pai, na época com 26 anos, contou que muitas pessoas ainda estranhavam quando viam Pedro, negro como ele, ao lado de Nathan, branco como mãe, a então frentista Valéria Gomes, de 22 anos.

Diferentes, mas torcem pelo mesmo time 
Diferentes, mas torcem pelo mesmo time Foto: Nina Lima / Extra

Miscigenação

A cegonha também foi generosa, em Botafogo, onde vivem as gêmeas Beatriz e Maria Gaia Gerstner, hoje com 8 anos. Uma é morena como a mãe e a outra é branca como o pai, um alemão.

— Quando estou com a branca não acham que é minha filha. E quando o pai está com a morena é a mesma coisa — conta a mãe, Janaína Gaia, de 35 anos, hoje separada do pai delas.

A diretora do Centro Vida — Reprodução Humana Assistida, na Barra, na Zona Oeste, Maria Cecília Erthal, estima que há menos de 1% de chance do nascimento de gêmeos diferentes.

— É a miscigenação que faz com que os genes de pais negros e brancos se encontrem — explica.






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