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A lojinha da presidenta; por Helder Caldeira
Quando falta o pão, cessam os aplausos. Refém da miséria de um país esculhambado e bem longe da basilar compreensão de que a plenitude de uma democracia perpassa, de forma indelével, a solidez e credibilidade de suas instituições, não espanta que o (ir)respeitável público pense com a barriga e vote sob grilhões. De uns tempos pra cá, consolidou-se na “Bananeira-Jeitinho” uma momice cartesiana: vence uma eleição aquele que promete o pão. Não importa se pão fajuto e bolorento, feito bugigangas de lojinhas de R$ 1,99.
Não por acaso, o maior desafio para Dilma Rousseff, e consequentemente para a trajetória do Partido dos Trabalhadores no Palácio do Planalto e seus respectivos legados, reside no horizonte carmim-crepuscular da Economia. O nível de descrédito na autenticidade das contas públicas e na capacidade da “presidenta” e seu staff de gerir e bem administrar as finanças do país atingiu patamares preocupantes e coloca em xeque o suposto favoritismo à reeleição em 2014.
E mais: o cabresto “Bolsa Família” não minimizará os danos quando as sucessivas e frágeis maquiagens financeiras de Guido Mantega alcançarem a “ponta”, deixando o povo com o pires na mão e a barriga vazia. O PT sabe o risco que corre. Sabe tanto quanto teme, só não confessa. Dilma sabe mais que todos seus asseclas reunidos, mas prefere o caminho covarde da tergiversação, culpando “mirabolantes pessimistas” pela paisagem nauseabunda que seu partido e seu governo desenharam à janela, desconstruindo a maior parte da legislação que garantia alguma responsabilidade e credibilidade ao setor público.
Ao cair na armadilha das fartas desonerações tributárias sem uma política econômica estruturada e afrouxar as rédeas das despesas correntes, Dilma protagonizou seu primeiro exercício de agachamento diante de uma inflação galopante. Logo em seguida, submissa à engorda de sua vastíssima base aliada, jogou no lixo a Lei de Responsabilidade Fiscal, promovendo a universalização política da bandalheira e novo agachamento, pipocando escândalos bilionários de corrupção e enterrando sua falaciosa fama de “faxineira”. Agora, sangrará o país para beneficiar seu correligionário Fernando Haddad ao mudar o indexador das dívidas de Estados e Municípios.
Se alguém ainda imagina que o Supremo Tribunal Federal golpeou Dilma Rousseff e o PT com a prisão dos mensaleiros, engana-se à enésima potência. O desespero petista está noutras seis ações em fase final. Durante as últimas semanas, o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central e o advogado-geral da União peregrinaram pelos gabinetes dos juízes togados para tentar evitar aquilo que pode, de fato, derrubar a “presidenta”: uma decisão favorável aos poupadores brasileiros que perderam muito dinheiro com as severas mudanças na correção monetária durante os esquizoides planos Cruzado, Bresser, Verão e Collor 1 e 2. Há duas décadas eles aguardam a justa reparação e o início do julgamento finalmente foi agendado para quarta-feira, dia 27 de novembro.
Caso os ministros reconheçam que os cidadãos que guardavam dinheiro na poupança foram prejudicados pelos planos econômicos, os bancos públicos e privados serão obrigados a ressarci-los numa soma que pode ultrapassar meio trilhão de Reais. Por óbvio, a mais afetada será a Caixa Econômica Federal, seguida pelo Banco do Brasil. Em recente entrevista ao jornal Valor Econômico, o procurador-geral do Banco Central, Isaac Ferreira, anunciou: “Como impacto, significa reduzir 25% do capital do sistema financeiro nacional. Uma retração de crédito da ordem de R$ 1 trilhão. Uma afetação do ponto de vista do crédito e da geração de emprego e renda”.
Trocando em miúdos: uma monumental crise econômica para um governo já combalido e que pode levar o país à bancarrota. Ironia do destino, Dilma arcará politicamente com os prejuízos causados pelas lambanças financeiras de seus aliados José Sarney e Fernando Collor de Mello. Mas, quem pagará a fatura mais cara? O povo, claro! O prato ficará vazio e a barriga roncará. Não há velas ou orações a “São Lula da Silva” que possam multiplicar pães para alimentar o imenso circo.
Por falar em ironia, depois de ser exonerada da Câmara Municipal por não cumprir os horários de trabalho e de deixar o cargo de secretária estadual de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff tentou a sorte como empresária no ramo das bugigangas. Em 1996, tornou-se sócia-gerente de uma empresa de importados vendidos a preços módicos. O negócio faliu 17 meses depois. Onde está a ironia? Por absoluta pertinência temática e de acordo com a Junta Comercial gaúcha, o nome da lojinha da “presidenta” era “Pão & Circo”.
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