A mãe da adolescente Ana Beatriz, que foi morta estrangulada dentro de casa em Praia Grande, no litoral de São Paulo, vai passar por um exame de DNA para confirmar se os cabelos encontrados nas mãos da jovem pertenciam a ela. De acordo com Ana Luiza Ferreira, mãe da vítima, a filha foi assassinada pela sua companheira, Elizabeth Fernandes dos Santos, por ciúmes. Elizabeth está foragida.
A investigação encontrou fios de cabelo nas mãos da adolescente. Ana Luiza, que está presa em Praia Grande, foi até o Instituto Médico Legal (IML), nesta quinta-feira (16), para coletar uma mostra de sangue, mas o funcionário responsável pelo trabalho não estava. No IML, uma das suspeitas pela morte da adolescente falou sobre o caso. “Não fui eu que matei minha filha, foi a Elizabeth. O que eu estou podendo fazer para ajudar a polícia a pegar eles, porque eu quero que peguem eles, eu estou fazendo. Ela (Elizabeth) tinha ciúmes de todos, ela tinha ciúmes de todo mundo que se aproximava”, diz Ana Luiza.
Este sangue, que ainda será coletado, vai ser comparado às informações genéticas dos cabelos que estavam nas mãos da adolescente. Se forem da mãe, isso pode ser uma evidência de que ela também participou do crime. “Os peritos de São Bernardo trouxeram cabelos apreendidos na mãos da vítima, mostrando que na hora que ela foi esganada e socada, ela deve ter se agarrado em alguém e arrancado os cabelos. Há a possibilidade de se identificar o DNA pelo bulbo, que é a semente do cabelo”, diz o delegado Luiz Evandro Medeiros.
A versão contada pela mãe é de que sua companheira, que está foragida, é quem teria matado a menina a socos. “A condição da mãe se resume a dizer que ela estava assistindo e tentou conter Elizabeth, a mulher dela, no momento que agredia a filha. Se há cabelo da mãe nas mãos da vítima, significa que a vítima, de alguma forma, agarrou-a e arrancou os cabelos dela. Significa que a mãe estava executando a própria filha mesmo”, diz o delegado.
O corpo de Ana Beatriz, de 13 anos, foi encontrado jogado às margens da via Anchieta, em São Bernardo do Campo. Segundo a mãe, quem levou o corpo até lá foi o padrasto de Ana Beatriz, Carlos José Bento de Souza, que também é procurado pela polícia.
Quem tiver qualquer informação que ajude a polícia a encontrar os dois acusados que estão foragidos pode ligar para o 181. Não é preciso se identificar.
Foragida, Elizabeth teria mudado o visual e estaria com
cabelo preto (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Cartas
A polícia encontrou um caderno junto ao corpo da menina, jogado na Rodovia Anchieta. Dentro do caderno estavam duas cartas, uma para Elizabeth e outra para Ana Luíza. Nas cartas a vítima alegava que muitas vezes se sentia excluída em casa, mas também afirmava gostar bastante da mãe e da suposta assassina. Confira os bilhetes:
“Mãe, não sou uma boa filha, mas não estou fazendo essa carta para que você chore ou fique com pena, só quero que saiba que eu te amo muito. Mesmo não acreditando. Sou sua filha, mas às vezes sinto como se fosse uma intrusa nessa família. Mesmo assim te amo e gosto muito de você, da Beth e do Luiz. Desculpa por ser assim tão desobediente, é meu jeito”.
“Beth, sei que tenho te tratado muito mal, mas quero que saiba que não é porque não gosto de você, mas sinto que às vezes sou intrusa. Fico muito sozinha e estressada. Mas eu gosto muito de você e sei que sente saudade das suas filhas”.
Jovem escreveu bilhete pedindo desculpas para a amante da mãe (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
O crime
A mãe da vítima, Ana Luiza Ferreira, participou de uma reconstituição do assassinato da adolescente na última quarta-feira (8). De acordo com ela, o crime aconteceu quando um outro filho, de 7 anos, dormia em um quarto em frente ao local do assassinato. "Ela alegou que houve uma discussão muito forte entre a filha dela e a Elizabeth, que é namorada da Ana Luiza. A Elizabeth, que é boxeadora, teria agredido a filha dela com socos até a morte. Ela disse que tentou afastar a amante, mas não conseguiu. A reconstituição serviu para mostrar como a mãe foi omissa", explica o delegado Luiz Evandro Medeiros, responsável pelo caso.
Depois de ter visto a filha morta, Ana Luiza foi até o carro buscar um cobertor para esconder o cadáver. Durante a reconstituição, uma pequena fogueira foi encontrada nos fundos da casa com várias roupas queimadas e um anel. A polícia acredita que o trio pretendia enterrar a menina dentro da própria casa, ao invés de jogar o corpo na estrada.
Outra hipótese
Apesar da mãe da vítima alegar que o assassinato aconteceu por causa de uma briga familiar, a polícia trabalha com uma outra hipótese. "Nós temos testemunhas protegidas que garantem que o ex-marido dela é traficante e usava a mãe e a adolescente para transportar drogas. A menina teria perdido uma quantidade de entorpecentes, o que motivou uma cobrança dos mais velhos. A mãe e a Elizabeth resolveram se desfazer da criança para compensar a cobrança por parte dos traficantes", explica o delegado.
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