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Quinta - 16 de Agosto de 2012 às 23:12

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O advogado de Flávio Rodrigues da Cruz, jovem baleado pela Polícia Civil na última quarta (15), contesta a versão do policial civil autor do disparo, Ademir Dias de Matos de que o rapaz estaria fugindo de um recém assalto praticado contra uma transportadora anexa ao posto Aldo Locatelli. O rapaz que foi atingido na região do pulmão está internado no Hospital Regional. Lucas Rafael Alves de Souza, amigo do jovem que seguia de moto com ele, está preso, também suspeito pelo crime.

Elson Rezende de Oliveira, advogado de Flávio, contesta a história do civil em vários pontos. Segundo ele, não existe possibilidade nenhuma dos jovens terem cometido qualquer crime já que estavam saindo do trabalho no exato horário do assalto, às 17h. Tanto Flavio como Lucas são funcionários do Laboratório de Análise de Sementes da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). Munido do relatório de cartão ponto e declarações de testemunhas que afirmaram estar com os jovens nesse horário, ele conflita: “Como é possível a pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo? Isso aconteceu minutos depois de terem saído do trabalho. Eles estavam apenas a 800 metros da empresa”, disse.

Uma das testemunhas, Janaina Barbosa de Souza, recepcionista na empresa onde os rapazes trabalham, garantiu que enquanto esperava o ônibus (que toma em frente ao trabalho) os viu sair do estacionamento da firma e seguir rumo Horto Florestal. “Os vi sair exatamente as 17h05. Pouco depois ouvi barulho de disparo, achei que fosse ‘aqueles barulhos’ de escapamento de moto”, contou.

Aldson Barbosa Miranda, também colega de trabalho dos jovens, estava junto a Janaina esperando ônibus e também ouviu os disparos. Depois de tomarem o coletivo que seguiu pelo mesmo caminho dos jovens, Aldson e Janaina avistaram os rapazes. ”Na passagem do ônibus vi o Flávio caído no chão todo ensangüentado. E que tinha polícia lá junto”, narrou.

Depois de descer do ônibus, Aldson contou que preocupado com o que tinha visto, ligou no celular de Flávio para saber o que havia acontecido. “Uma pessoa com voz diferente atendeu e eu disse: Eu vi você estirado no chão. O que aconteceu? A voz disse: Onde você está? Eu respondi: Estou no Baratão Ferromar. E daí do outro lado: Estou indo atrás de você”. Sabendo que a voz não era de seu amigo e que o mesmo não poderia ir até ele por estar ferido, Aldson desconfiou que tratasse de armação e saiu do local.

Na versão do policial, - que foi quem atendeu ao telefone - a ligação teria sido de um dos comparsas do suspeito, que segundo ele, deu cobertura no assalto. No diálogo, o ‘comparsa’ teria perguntado o motivo da demora e explicado o local onde estavam para se encontrar. Quando desconfiaram que fosse um policial disseram: “Você está achando que sou chave de cadeia?” e desligaram.

O advogado de Flávio também comentou o detalhe dos rapazes estarem uniformizados. “Está vendo que não iam praticar assalto uniformizado. Quem seria burro de fazer isso?”, indagou.

Outra questão levantada pelo defensor foi a dificuldade que impuseram para que ele tivesse contato com Flávio, já no hospital. Ele contou que a Polícia Civil ordenou na recepção da casa de saúde que não deixassem ninguém conversar com o rapaz. Ele conseguiu entrar somente depois das 23h.

Esse impedimento e o fato da polícia demorar mais de 2 horas para confeccionar o boletim de ocorrência, é para o advogado, uma forma de ganhar tempo para maquiar a realidade. “Estão ocultando provas e tentando justificar a ‘burrada’ que eles fizeram. Muito me indigna um policial que devia estar prestando serviço para a sociedade ter coragem de manipular uma história para acusar inocente”, disse.

O advogado que reúne evidencias para defesa dos rapazes, instiga: “Eu desafio a Polícia Civil apresentar as filmagens das câmeras de segurança do posto Aldo. Vou com isso até o fim”, deixa o recado.

Entenda o caso - Os dois rapazes são suspeitos de participarem de um roubo em uma transportadora que fica no Distrito Industrial. Segundo o boletim de ocorrência, o crime foi por volta das 17h. Dois indivíduos chegaram armados e anunciaram o assalto. Depois mandaram que todos, inclusive clientes, deitassem no chão e entregassem os objetos de valor. Um policial civil estava no local. Em seguida, eles trancaram as vítimas em uma sala e fugiram. Foram levados cerca de R$ 12 mil em aparelhos eletrônicos como notebooks, tablets e celulares e dinheiro.

Depois que os bandidos saíram o policial civil conseguiu se libertar e viu mais dois indivíduos, do lado de fora da empresa, em outra moto dando cobertura. O policial, usando o próprio carro começou a persegui-los. Chegado na BR 163, o policial os perdeu de vista, mas reencontrou a moto com os suspeitos na sequência no Horto Florestal.

Segundo a versão da polícia, os suspeitos vinham no sentido contrário e até jogaram o veículo para cima do carro. O policial fez então o disparo contra os garotos. O rapaz Flávio foi atingido na região do pulmão. Ele foi levado para o Hospital Regional e seu amigo encaminhado para o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc). Ontem (16, levado para Cadeia Pública.






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